Ailton Krenak

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Postado por Hanny às sexta-feira, junho 08, 2012 Nenhum comentário:
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Ailton Krenak

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Aos nove anos de idade um pequeno índio foi retirado de seu terreiro e levado em um caminhão, junto a seu povo, para uma terra distante e muito distinta da sua.
Este movimento de transição territorial despertou neste pequeno ser observador, a percepção de que naquele momento os costumes e hábitos da sua tribo estavam perdendo a liberdade de ser. O preconceito vindo do olhar do homem da civilização, os espaços físicos que já não permitiam mais a realização dos rituais do dia-a-dia do seu povo, casas substituindo suas matas, a necessidade de realizar atividades para conseguir dinheiro para comer, foram causando nesta família uma erosão da sua identidade e neste menino um medo que se transformou em determinação. A determinação de manter vivo todo o universo que fez parte de sua formação e que era também a base de união, força e alegria de toda a sua família.

Este pequeno índio estava acostumado a observar as nuvens perto das montanhas e saber se naquele dia o humor do ar era frio ou quente, a sentar-se na beira do rio e bater com seus pezinhos na água sentindo o movimento daquele Senhor que acaricia seus pés dia com mais calma e leveza, outro dia com mais força e pressa, a falar com os animais escutando as mensagens que cada pássaro trazia em seu canto, a observar os mais velhos trabalhando ao seu lado e até a fazer parte de algumas atividades de trabalho da aldeia. Muitos dos seus aprendizados se davam em rituais de transições e transmissões de conhecimentos através do contato com antepassados. Almas sábias que se faziam presentes por meio de evocações com objetos e formas de se enfeitar, ervas, danças e cantos. Um universo mágico de ritos e mitos que construíam o dia-a-dia de um povo e sua forma de se relacionar com a natureza e uns com os outros.
Toda esta identidade, plantada diariamente na alma deste pequeno índio, pela recriação da memória dos seus ancestrais através dos rituais diários que costumava viver, deu a ele força, liberdade e autoridade para afirmar e demonstrar na prática de toda a sua vida futura que “a memória e identidade são veículos para a gente passar em qualquer lugar”.
Este pequeno índio é Ailton Krenak, que hoje, depois de anos lutando para manter seu povo unido e vivo em toda a sua identidade, conta que isto é possível a partir de sua experiência mágica, como a abertura de um portal que nos faz ter saudade de coisas que não vivemos, mas que identificamos como nossas. É como nos olhar no espelho e ver a nossa ancestralidade e a energia das coisas da natureza que pulsa e que participa do nosso viver.
Ailton possui uma fala sensível, que diz muito das coisas transcendentes, das emoções, dos espíritos, de sonho e respeito, de aprendizado, de consciência e de vida. De como se ensina e se aprende na vivência, sem precisar “contar na orelha”. A história do seu povo Burun é a transmissão de uma sabedoria que ensina a “não morrer a toa” e a perceber que o tempo natural da vida é o tempo necessário para que tudo se dê e se mantenha pleno e presente.
Camila Drumond e Evelise Moraes
"No dia em que não houver lugar para o índio no mundo, não haverá lugar para ninguém." (Aílton Krenak ; do povo Krenak, de Minas Gerais)

Ailton Krenak nasceu no Vale do rio Doce, Minas Gerais, em 1954. Os Krenak registravam uma população de cinco mil pessoas no início do século XX, número que se reduziu a 600 na década de 1920 e a 130 indivíduos em 1989. Na época, Ailton pressagiou: "se continuar nesse passo, nós vamos entrar no ano 2000 com umas três pessoas". Felizmente isso não aconteceu. Contando com esforços também do próprio Ailton, os Krenak fecharam o século com 150 pessoas. Com 17 anos Ailton migrou com seus parentes para o estado do Paraná. Alfabetizou-se aos 18 anos, tornando-se a seguir produtor gráfico e jornalista. Na década de 1980 passou a se dedicar exclusivamente à articulação do moviemnto indígena. Em 1987, no contexto das discussões da Assembléia Constituinte, Ailton Krenak foi autor de um gesto marcante, logo captado pela imprensa e que comoveu a opinião pública: pintou o rosto de preto com pasta de jenipapo enquanto discursava no plenário do Congresso Nacional, em sinal de luto pelo retrocesso na tramitação dos direitos indígenas. Em 1988 participou da fundação da União das Nações Indígenas (UNI), fórum intertribal interessado em estabelecer uma representação do movimento indígena em nível nacional, participando em 1989 do movimento Aliança dos Povos da Floresta, que reúnia povos indígenas e seringueiros em torno da proposta da criação das reservas extrativistas, visando a proteção da floresta e da população nativa que nela vive. Nos últimos anos, Ailton se recolheu de volta à Minas Gerais e mais perto do seu povo. Atualmente, está no Núcleo de Cultura Indígena, ONG que realiza desde 1998 o Festival de Dança e Cultura Indígena, idealizado e mantido por Ailton Krenak, na Serra do Cipó (MG), evento que visa promover o intercâmbio entre as diferentes etnias indígenas e delas com os não-índios. A narrativa de Ailton “O Eterno Retorno do Encontro” foi publicada anteriormente em: Novaes, Adauto (org.), A Outra Margem do Ocidente, Minc-Funarte/Companhia Das Letras, 1999.

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