sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Matéria exibida no site: http://www.manuelzao.ufmg.br/folder_informa/folder_ultima/saudacao-a-natureza

Por: Macaco, de Jequitibá Publicado em: 08/09/2007

Saudação à natureza



Oh minhã teió, oh minhã teió;

Hei, hei minhã teió;

Oh minhã teió, oh minhã teió;

Hei, hei takru krerré. Hei, hei takru krerré.

Oh minhã girum, oh minhã

Ao som desses versos na língua burum, um grupo com mais de 100 pessoas de mãos dadas andavam em direção ao lago no centro de Jequitibá. O grupo era liderado pelo índio Ailton Krenak, do povo Krenak, que reproduziu no FestiVelhas o ritual indígena de saudação às águas. Segundo Ailton, a música trata-se de uma conversa com a água e um agradecimento pelos benefícios que ela traz.



Ainda reunidos em círculos ou em duas filas, os presentes cantavam, dançavam e ouviam as explicações de Ailton. “É preciso entrar em sintonia com a natureza e ouvir o que as águas tem as nos dizer”, diz ele sobre a relação que os homens devem manter com ambiente. Após as saudações as águas, o grupo ainda cantou em círculo uma música de despedida e reverência ao sol, cantada pelos índios no fim dos dias.

Ailton ainda reuniu algumas crianças e disse que, na infância, nossos espíritos estão ligados à natureza, porém, quando crescemos, paramos de ouvi-la. “Por isso, nós adultos temos muito a aprender com as crianças”, conta Ailton.

Sobre a época em que seu povo realiza esses rituais, ele afirma que não há data, sempre é ocasião. “A gente faz esses rituais o tempo todo, porque é uma necessidade que nossos espíritos sentem de comunicar com os seres do vento, da água, do fogo e da terra. No mesmo dia você pode encontrar uma família cantando para sol, outra cantando para a chuva, outra para céu ou para terra é porque elas sentem necessidade dessa ligação com a natureza”, relata Ailton.

Sobre a época em que seu povo realiza esses rituais, ele afirma que não há data, sempre é ocasião. “A gente faz esses rituais o tempo todo, porque é uma necessidade que nossos espíritos sentem de comunicar com os seres do vento, da água, do fogo e da terra. No mesmo dia você pode encontrar uma família cantando para sol, outra cantando para a chuva, outra para céu ou para terra é porque elas sentem necessidade dessa ligação com a natureza”, relata Ailton.



Por fim, o índio dá um importante conselho para os homens brancos: “A cada dia pela manhã, quando tocar na água, se você lembrar-se que a água é um ser vivo, ela vai te dar vitalidade. A água é um ente poderoso que deu origem a nossa vida e que nos cura e anima a cada dia.” conclui.