sexta-feira, 28 de outubro de 2022
‘Nossa Pátria Está Onde Somos Amados’, de Felipe Hirsch, será exibido na 46ª Mostra com presença de Ailton Krenak
por Redação GLMRM 26 de outubro de 2022
Depois de uma primeira exibição na Mostra do Rio, o documentário “Nossa Pátria Está Onde Somos Amados”, do diretor e dramaturgo Felipe Hirsch, terá uma sessão na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, neste sábado (29), no Cine Sesc. A exibição, para convidados, contará com a presença do líder indígena e escritor Ailton Krenak, um dos entrevistados no longa.
Além de Krenak, o documentário conta com a participação de nomes como o do xamã e também escritor Davi Kopenawa, dos músicos Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Lia de Itamaracá, do advogado e escritor Silvio Almeida, dentre outros. O longa foi filmado em maio deste ano no Museu da Língua Portuguesa, durante uma série de debates, shows, filmes, aulas e exposições realizados para marcar o Dia Internacional da Língua Portuguesa.
No longa, Felipe Hirsch aprofunda sua pesquisa sobre as palavras que nos unem e que também podem nos afastar, demonstrando como somos formados por uma variedade de pátrias. O diretor conta essa história por meio de várias vozes: Kadu Ori, o rapaz que escala a torre da Central do Brasil para pichar a frase do título; o ativista Krenak, que foi até a Rússia para encontrar os restos mortais de sua língua; o xamã yanomami Kopenawa, que foi a São Paulo para dizer o quanto percebe o português como uma ameaça.
Hirsch já havia se debruçado sobre nossa língua e seus desdobramentos na peça “Língua Brasileira”, em colaboração com Tom Zé e o coletivo Ultralíricos. Uma epopéia sobre os povos que formaram a língua que falamos, a montagem é um passeio pelos inconsciente brasileiro, falada (e cantada) em seus mitos e cosmogonias, origens ibéricas, romanos, bárbaros e árabes, pela África e América Nativa.
Neste artigo:
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FONTE: https://glamurama.uol.com.br/cultura-e-entretenimento/nossa-patria-esta-onde-somos-amados-de-felipe-hirsch-sera-exibido-na-46a-mostra-com-presenca-de-ailton-krenak/
segunda-feira, 24 de outubro de 2022
FLIPELÔ 2022 : festa literária anuncia participação de 150 escritores
CULTURA
Publicado em 20/10/2022 às 17h00.
FLIPELÔ 2022 : festa literária anuncia participação de 150 escritores
A Fundação Casa de Jorge Amado em correalização com o Sesc, promove, de 1 a 6 de novembro, a maior festa literária da Bahia
CULTURA
Publicado em 20/10/2022 às 17h00.
FLIPELÔ 2022 : festa literária anuncia participação de 150 escritores
A Fundação Casa de Jorge Amado em correalização com o Sesc, promove, de 1 a 6 de novembro, a maior festa literária da Bahia
Redação
A apresentação foi feita pelos personagens da peça Compadre de Ogum – Jesuíno Galo Doido, Curió, Martim, Pé de Vento e Massu das Sete Portas – que subiram ao palco, sob a direção de Edvard Passos, para anunciar, no lançamento realizado na manhã desta quarta-feira, dia 19, no Café Zélia Gattai, na Fundação Casa de Jorge Amado, os números da FLIPELÔ 2022: 150 escritores convidados, participação de oito editoras baianas, 150 eventos na programação oficial, 120 eventos na FLIPELÔ +, 125 espaços ativados no Centro Histórico, 300 artistas participantes, 30 apresentações musicais, participação de 10 grupos culturais do Centro Histórico, 420 postos de trabalho diretos e 1.150 indiretos criados, participação de 36 restaurantes, 48 lojas e 12 ateliês e galerias localizados desde a Praça Municipal até o Santo Antônio Além do Carmo.
Pelo sexto ano consecutivo a Fundação Casa de Jorge Amado em correalização com o Sesc, promove, de 1 a 6 de novembro, a maior festa literária da Bahia, que desta vez presta homenagem aos personagens de Jorge Amado, celebrando seus 110 anos, e mais uma vez realizará uma ampla programação de forma inteiramente gratuita. Na noite de abertura, um show exclusivo de Zezé Mota, no Palco FLIPELÔ, no Largo do Pelourinho. Durante os outros cinco dias uma ampla programação composta por mesas de debates, bate-papos com crianças, jovens e adultos sobre os mais variados tipos de literatura, lançamentos de livros, saraus de poesia, slams e uma rica programação infantil com contação de história e diversas atividades lúdicas.
Haverá também exposições, apresentações teatrais e musicais que serão promovidos no Teatro Sesc Pelourinho, Palco FLIPELÔ, no Largo do Pelourinho, e nos palcos do Cruzeiro de São Francisco e Praça da Sé, além do Santo Jazz, no coreto do Largo do Santo Antônio Além do Carmo. Estão programadas apresentações de Xangai, Juliana Ribeiro, Vânia Abreu e Gerônimo Santana e dos espetáculos Compadre de Ogum e Circuito Jorge Amado. Estão confirmadas as participações de escritores de projeção internacional como Ailton Krenak, Itamar Vieira Jr., Kalaf Epalanga (Angola), Maria Fernanda Elia Maglio e José Luis Peixoto (Portugal).
Participaram do lançamento da FLIPELÔ 2022, que teve como anfitriões Arthur Guimarães Sampaio, presidente da FCJA – Fundação Casa de Jorge Amado, Angela Fraga, diretora-executiva da FCJA e curadora do evento, os curadores da FLIPELÔ Bete Capinam e José Inácio Vieira de Melo, Marconi Sousa, diretor Regional do Sesc Bahia, Veronica Aquino, diretora do CCPI – Centro de Culturas Populares e Identitárias, representando o Governo do Estado, Luana Xavier, da CCR Metrô Bahia, Andrea Mendonça, secretária de Cultura e Turismo de Salvador, Isaac Edington, presidente da Saltur, Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos, Gegê Magalhães, diretor de gestão do Centro Histórico, além de escritores, editores, artistas, representantes das instituições participantes.
O Tema – A FLIPELÔ 2022 vai celebrar o legado deixado por Jorge Amado, através de seus personagens – criaturas que traduzem a imagem do povo, da cultura e da diversidade da Bahia marcada no imaginário de todos e que fazem com que o leitor se identifique como protagonista das suas histórias. Talvez seja esta uma das receitas do sucesso e da permanência da obra de Jorge Amado, um dos maiores patrimônios culturais do país, com mais de 37 romances publicados e repletos de personagens inesquecíveis.
Jorge Amado foi um dos mais premiados e populares escritores brasileiros. Dono de uma obra numerosa, sempre privilegiando a Bahia como cenário de suas narrativas, cativou o público com suas histórias que foram largamente adaptadas para outras linguagens artísticas. Traduzido para 49 idiomas, em 57 países, é até os dias atuais aclamado nacional e internacionalmente. Jorge Amado conciliou realismo e lirismo poético, a temática sobre as desigualdades sociais e erotismo, trazendo consigo uma identificação afetiva com o povo brasileiro e revelando ao mundo o “jeito baiano de ser”.
FONTE: https://bahia.ba/entretenimento/flipelo-2022-festa-literaria-anuncia-participacao-de-150-escritores/
sexta-feira, 21 de outubro de 2022
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROMOVE O 1º ENCONTRO FORMATIVO DO PROGRAMA ESCOLA 2030
A finalidade é incentivar adequações nas instalações e a Educação para o desenvolvimento sustentável
A Secretaria de Educação e Cultura de Ribeirão Pires promoveu nesta quarta-feira, 19, na E.M. Palmira Antônio Pereira, o 1º Encontro Formativo do Programa Escola 2030, que visa incentivar as unidades de ensino a criarem e implementarem projetos sustentáveis, promovendo adequações nas instalações de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas.
Duas escolas da Estância vão promover projetos pilotos: a já citada EM Palmira Antônio Pereira e a EM Sebastião Vayego. Este primeiro encontro serviu para apresentar a proposta às professoras e fazer reflexões acerca de questões ambientais e dos ODS.
Parte do conteúdo apresentado foi baseado nas obras do indígena, ambientalista, filósofo e escritor, Ailton Krenak, que destaca em um de seus pensamentos: “A grande diferença que existe do pensamento dos índios e do pensamento dos brancos, é que, os brancos acham que o ambiente é recurso natural, como se fosse um grande almoxarifado onde você vai e tira as coisas, e continua tirando, sem pensar nas consequências ambientais”.
Para a Orientadora Educacional, Tatiane Ribeiro, “O sentimento de pertencimento à natureza e a responsabilidade com os cuidados com o meio devem ser incentivados desde a infância, através de uma parceria entre escola e família”, observou.
Fonte: https://ribeiraopires.sp.gov.br/secretaria-de-educacao-promove-o-1o-encontro-formativo-do-programa-escola-2030/
quarta-feira, 19 de outubro de 2022
Sociedade do Medo | Filme com Ailton Krenak estreia nesta quinta nos cinemas
Publicado por
Hiccaro Rodrigues
18/10/2022
Longa-metragem que encerra a “Trilogia da Catarse”, composta por documentários desenvolvidos, roteirizados e dirigidos pela cineasta Adriana L. Dutra, “Sociedade do Medo” estreia dia 20 de outubro nos cinemas. O filme é uma reflexão sobre a epidemia do medo que assola a humanidade, potencializada por um sistema que, historicamente, manipula as massas a partir da propagação do pânico e da insegurança. Assim como em seus dois primeiros longas (“Fumando Espero”, de 2009, e “Quanto Tempo o Tempo Tem”, de 2015), Adriana L. Dutra compartilha com o espectador questões existenciais, com o objetivo de pensar assuntos sensíveis e universais que afetam o homem contemporâneo. A produção teve sua primeira exibição no Festival do Rio.
Em Tóquio, Nova York, Los Angeles, Londres, Paris, Amsterdam e outras cidades, a documentarista entrevista especialistas de diferentes realidades socioculturais. Os professores David Carrol e Jason Stanley, os filósofos Francis Wolff e Cyrille Bret, o historiador Marcelo Jasmin, os sociólogos Frank Furedi, Barry Glassner e Paula Johns, o padre Júlio Lancellotti, o escritor e filósofo indígena Ailton Krenak, a jornalista Flávia Oliveira, o físico Amit Goswami, a vereadora Benny Briolly, a pesquisadora Ivana Bentes, a professora Tamsin Shaw, a economista Linda Yueh, a deputada federal Talíria Petrone, entre outros, dão seus depoimentos sobre variadas vertentes do medo.
Todos concordam que o medo é e sempre foi o mais potente instrumento de poder. E, ao longo da História, a maior arma de figuras autoritárias para fazer as sociedades acreditarem que precisam de um líder forte. Padre Júlio Lancelotti critica o uso da religião para gerar medo: “Isso é a anti-religião, isso é a manipulação ideológica da religião para manter o poder”, aponta. A jornalista Flávia Oliveira avalia a presença do medo no maniqueísmo do bem e o mal e destaca que “se você acha que o outro por ser diferente te ameaça, se você não enxerga igualdade nas diferenças, nas nuances, você combate. E o medo é um instrumento de combate muito eficiente”.
A Trilogia da Catarse teve início em 2009 com o longa “Fumando Espero” (disponível na plataforma de streaming www.inff.online), quando a documentarista virou cobaia em seu próprio filme ao narrar a luta contra o cigarro. O projeto começou como um interesse pessoal e transformou-se em pesquisa sobre a dependência química e psicológica da nicotina. O longa foi exibido na 32º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Em 2015, no premiado “Quanto Tempo o Tempo Tem” (disponível na Netflix), Adriana percorreu diferentes cidades do mundo e debruçou sua pesquisa na percepção do tempo ter se tornado mais acelerado e analisou as novas tecnologias e a globalização, aliadas à produção constante de informação e conteúdo.
Em “Sociedade do Medo”, Adriana partiu para conversar com personalidades e analisar o momento em que vivemos, assustados. As filmagens começaram presencialmente antes do início da pandemia do Covid-19, em 2020, e seguiram remotamente depois que o caos foi deflagrado e o medo, unificado. Conforme a diretora afirma (na narração em off), o medo é um potente instrumento de poder: “Esse meu medo é um medo desorientado, diferente do medo orgânico, aquele que me protege contra o perigo. Esse medo que sinto parece ser um medo fabricado, forjado por alguém, como se o medo tivesse sido institucionalizado”, diz. Além de ter sido atravessado pela pandemia do Coronavirus, a produção presenciou outro episódio histórico que gerou mais uma onda indiscriminada de pavor quando, durante a finalização do documentário, a Rússia declarou guerra à Ucrânia.
Todos que possuem consciência têm medo e o medo de morrer é constituído de duas emoções opostas: a certeza de que vamos morrer e a incerteza de como e quando isso vai ocorrer. E, apesar do medo da morte, a espécie humana não parece estar preocupada com o consumo desenfreado que causa as mudanças climáticas, como pontua o filósofo indígena Ailton Krenak. Ele faz uma análise lúcida e realista sobre os tempos atuais: “Se os humanos desaparecerem, a Terra continua, ela não precisa de nós. A gente podia pensar nisso como uma coisa maravilhosa: a gente não faz falta. Mas os humanos se dão importância demais. Isso se chama especismo — que conclui que uma espécie pode dominar todo o planeta”. Mas Krenak encerra a reflexão com uma dica valiosa: “A gente tem que ser radicalmente vivo. Esse é o melhor antídoto contra o medo”.
“Sociedade do Medo” é produzido pela Inffinito, em coprodução com Canal Brasil, GNT, GloboNews e Globo Filmes. A distribuição é da Forte Filmes.
Contato: hiccaro.rodrigues@estacaonerd.com
Fonte: https://estacaonerd.com/sociedade-do-medo-filme-com-ailton-krenak-estreia-nesta-quinta-nos-cinemas/
segunda-feira, 17 de outubro de 2022
Projeto Moquém Mairi promove festival de Saberes Ancestrais no Museu do Estado
Gratuito para todos os públicos, a programação, reúne nomes como Ailton Krenak, Márcia Mura, Negô bispo e outras lideranças
Nomeado como “Moquém Mairi: diversos mundos, diversas economias”, o projeto tem como objetivo debater e movimentar a economia a partir da cultura dos povos ancestrais, por meio das artes, pinturas, cultura alimentar, literatura e outras formas, trazendo como resultado uma economia coletiva que abraça e distribui saberes e a retomada de territórios. O encontro será realizado nos dias 20, 21 e 22 de outubro de 2022, no Museu do Estado do Pará (MEP).
Com uma programação composta por palestras, rodas de conversas, vivências práticas e feira com produtos de cultura alimentar, o evento se volta para a sociobioeconomia em torno das produções indígenas, quilombolas, agroecológicas e culturais dos interiores. Tainá Marajoara, idealizadora do projeto, é do povo originário Aruã Marajoara, e como ativista e pensadora indígena, reforça a importância de manter viva a cultura e as técnicas dos ancestrais para o futuro: “No mesmo período em que batemos recorde de devastação da Amazônia e morte de lideranças. Nós acendemos nosso moquém como um esperançar em defesa dos conhecimentos, saberes e de celebração da nossa existência enquanto artistas e fazedores culturais, que fazem do seu modo de vida os seus circulares econômicos”, declara.
(...)
Os participantes são lideranças indígenas, quilombolas, ativistas alimentares, e renomados pesquisadores. Entre os convidados, está o líder indígena, ambientalista e filósofo, Ailton Krenak; a escritora e artivista, Márcia Mura; o fundador da primeira rádio indígena do país, Anapuaka Tupinambá; a pesquisadora e artista, Naine Terena; o poeta e escritor quilombola, Negô Bispo e muito mais.
A proposta do encontro é celebrar a ancestralidade, que cultiva as histórias originárias, populares e tradicionais. Compartilhando saberes diversos, e mantendo viva a técnica por meio de valorização das raízes da nossa cultura. E também pautar novos mercados, economias emancipatórias e novas formas de distribuição e geração de renda a partir dos ativos culturais
(...)
O projeto é uma realização da Associação Folclórica e Cultural Pássaro Colibri de Outeiro e; Ponto de Cultura Alimentar Instituto Iacitata Amazônia Viva e conta com apoio de Eliete Cozinha Paraense, Wika Kwara, Negritar, Ná Figueredo, Campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida, Prefeitura de Belém e Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SECULT).
Os interessados devem realizar a inscrição por meio de formulário, no link:
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScFMlFl3a90sKwUUhWzcvYn_Tmt9wDJxa4JNO9-frBwu8pCaQ/viewform?usp=sf_link
SERVIÇO:
PROGRAMAÇÃO NO MUSEU DO ESTADO DO PARÁ (MEP):
DIA 20/10
Sala Moquém Mairi
15h - 18h: Oficina Etnomídia e Empreendedorismo Indígena, com Anapuaka Tupinambá - No Pátio do Palácio.
18h: Abertura Moquém Mairi com Márcia Mura, Iacitatá e REDE RAMA.
DIA 21/10 - Moqueadas
1. Sala Moquém Mairi: Valentias Poéticas
10h-12h Ailton Krenak (líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor), e Márcia Mura (escritora e artivista).
14h - 16h: Cultura Alimentar, Sistemas Alimentares Justos, Sóciobioeconomia ou a Sindemia Global.
16:30 -18h: Artes Cosmopolíticas, Outras Economias e Justiça Climática (Célio Torino, Naine Terena, Joyce Cursino e Magno Cardoso, Miguel Chikaoka)
18:15 - 19:30h: Confluências da Contra Colonização Nego Bispo e Mestra Laurene Ataíde
DIA 22/10 - Moqueadas
1. Sala Moquém Mairi
09 -11h: Comunicação e narrativas contra-hegemônicas: Joio e o Trigo, Rádio Yande, Comunicadores Populares
11 - 13h: Palavra de Mestra: roda de confluências entre Mestres e Mestras de Cultura
Sala Moqueada de Futuros
10h - 12h:
Contra Narrativas de Arte e Consumo - Pesquisa sobre consumo e conceitos da arte indígena - Oficina Naine Terena
Feira dos Povos
Produtos de cultura alimentar e da Agroecologia, livre de agrotóxicos, transgênicos e produzidos de modo justo e com respeito ao meio ambiente.
20/10: 15h 20h
21/10: 09h - 19h
22/10: 09h - 13h
Fonte: https://redepara.com.br/Noticia/228477/projeto-moquem-mairi-promove-festival-de-saberes-ancestrais-no-museu-do-estado
Confira programação da Bienal do Livro Bahia 2022
Bienal do Livro Bahia 2022 terá mais de 70 horas de conteúdo produzido por mais de 100 autores e personalidades convidados
Lançada nesta sexta-feira (14) em Salvador, a Bienal do Livro Bahia 2022 contou com a presença do prefeito Bruno Reis (UB) e do secretário de Educação de Salvador, Marcelo Oliveira. Depois de nove anos de intervalo, o evento recebe o investimento de mais de R$ 5 milhões e tem a expectativa de atrair 80 mil pessoas de 10 a 15 de novembro, no Centro de Convenções Salvador.
"Depois de quase 10 anos, a Bienal do Livro Bahia volta para Salvador. A Prefeitura fez um esforço grande para apoiar este evento. Um evento que vai mobilizar a nossa rede [municipal] com chegada da Bienal nas escolas e a vinda de 5 mil alunos aqui ao Centro de Convenções, que terão um crédito para fazer a aquisição de livros, visando estimular ainda mais a leitura na nossa rede. Para fazer a imersão dessas crianças no mundo literário", disse Bruno Reis.
A programação da Bienal do Livro Bahia 2022 terá mais de 70 horas de conteúdo produzido por mais de 100 autores e personalidades convidados. Participam da grade nomes como Djamila Ribeiro, Itamar Vieira Júnior e Thalita Rebouças.
Bienal do Livro Bahia 2022 terá mais de 70 horas de conteúdo produzido por mais de 100 autores e personalidades convidados
Lançada nesta sexta-feira (14) em Salvador, a Bienal do Livro Bahia 2022 contou com a presença do prefeito Bruno Reis (UB) e do secretário de Educação de Salvador, Marcelo Oliveira. Depois de nove anos de intervalo, o evento recebe o investimento de mais de R$ 5 milhões e tem a expectativa de atrair 80 mil pessoas de 10 a 15 de novembro, no Centro de Convenções Salvador.
"Depois de quase 10 anos, a Bienal do Livro Bahia volta para Salvador. A Prefeitura fez um esforço grande para apoiar este evento. Um evento que vai mobilizar a nossa rede [municipal] com chegada da Bienal nas escolas e a vinda de 5 mil alunos aqui ao Centro de Convenções, que terão um crédito para fazer a aquisição de livros, visando estimular ainda mais a leitura na nossa rede. Para fazer a imersão dessas crianças no mundo literário", disse Bruno Reis.
A programação da Bienal do Livro Bahia 2022 terá mais de 70 horas de conteúdo produzido por mais de 100 autores e personalidades convidados. Participam da grade nomes como Djamila Ribeiro, Itamar Vieira Júnior e Thalita Rebouças.
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Para o secretário de Educação de Salvador, Marcelo Oliveira, o fato de muitas das presenças esperadas serem de influenciadores digitais serve de estímulo para a leitura entre o público mais jovem da capital baiana.
"A literatura e os autores se atualizam [para o meio digital]. A literatura é dinâmica. Ela caminha no tempo. E hora ou outra você tem um gênio da nossa terra que desponta para a área. E a Bahia é terra fértil para os grandes talentos literários, temos vários exemplos. E obviamente que a literatura se adequa aos novos tempos. E o mundo digital está aí com uma oferta de conteúdo, das mais variadas formas, que também precisam ser incorporados nesse mundo mais ‘clássico’ e ‘tradicional’ da nossa literatura", acrescenta Marcelo.
O garoto Adriel Oliveira, de 15 anos, foi escolhido como o embaixador da Bienal do Livro Bahia 2022. Soteropolitano, o garoto faz resenhas de livros e indica títulos aos seguidores por meio das redes sociais. Ele tem mais de 400 mil seguidores no Instagram.
"Fico feliz por tantas pessoas que estão representadas por mim. E fico feliz com o anúncio de ser embaixador da Bienal do Livro. E só quero agradecer a todas as pessoas, a minha mãe, por fazer isso acontecer. Estou muito feliz, de verdade", disse Adriel.
Confira a programação das mesas da Bienal do Livro Bahia 2022
Quinta-feira, 10/11
Tema: No Coração dos Leitores Horário: 17h Convidados: Itamar Vieira JR, Carla Madeira Mediadora: Josélia Aguiar
Sexta-feira, 11/11
Tema: Retratos do Brasil Horário: 11h Convidados: Edney Silvestre, Socorro Acioli Mediador: Marielson Carvalho
Tema: A Vida é Sonho Horário: 14h Convidados: Lívia Natália, Sidarta Ribeiro Mediador: Marlon Marcos
Tema: Especial Literatura Baiana Horário: 17h Convidados: Kátia Borges, Rita Santana, Ruy Espinheira Filho Mediadora: Simone Ribeiro
Tema: Especial Literatura Baiana Horário: 19h Convidados: Lima Trindade, Mariana Paim, Wesley Correa Mediadora: Mônica Menezes
Sábado, 12/11
Tema: Escutar a Terra Horário: 16h Convidados: Ailton Krenak Mediador: André Uzeda
Tema: Avós, filhas e netas Horário: 19h Convidados: Djamila Ribeiro Mediadora: Denny Fingergut
Domingo, 13/11
Tema: O Sol da Liberdade Horário: 16h Convidados: Silvio Almeida, Heloisa Starling Mediadora: Josélia Aguiar
Tema: Câmera, ideias, ação Horário: 19h Convidados: Ricardo Aleixo, Aldri Anunciação, Everlane Moraes Mediador: Cláudio Leal
Segunda-feira, 14/11
Tema: O fio e os rastro Horário: 16h Convidados: Ana Maria Gonçalves, Eliana Alves Cruz, José Luiz Passos Mediador: Rosinês Duarte
Terça-feira, 15/11
Tema: Rever um país Horário: 16h Convidados: Carla Akotirene, Giovana Xavier, Ynaê Lopes Coelho Mediadora: Milena Britto
Tema: Letras & música Horário: 19h Convidados: Karina Buhr
FONTE: https://www.pnoticias.com.br/noticia/bahia/256136-confira-programacao-da-bienal-do-livro-bahia-2022
quarta-feira, 15 de junho de 2022
Ailton Krenak é eleito para a Academia Mineira de Letras
Ele passa a ocupar a cadeira de número 24, vaga desde o falecimento do escritor e jornalista Eduardo Almeida Reis
Com 36 votos do total de 39 votantes, o escritor Ailton Krenak foi eleito como o novo ocupante da cadeira de número 24 da Academia Mineira de Letras, vaga desde o falecimento do escritor e jornalista Eduardo Almeida Reis. A eleição aconteceu na tarde desta terça-feira, dia 14 de junho, na sede da AML.
Tendo como patrona Barbara Eliodora, a cadeira 24 foi fundada por João Lúcio. Por ela também passaram Cláudio Brandão, Henrique de Resende, Sylvio Miraglia e Eduardo Almeida Reis. O jornalista Rogério Faria Tavares, presidente da Academia Mineira de Letras, destacou que a chegada de Ailton à AML é um momento histórico, inédito no país: "A arrebatadora eleição de Ailton Krenak para a Academia se abre a uma inegável dimensão simbólica. Ela é uma reverência justa e devida à potente e fascinante cultura dos povos indígenas, uma das matrizes formadoras da nacionalidade. Além disso, a presença de Ailton Krenak na cena cultural brasileira é luminosa e inspiradora. Seus livros conquistaram a todos pelo vigor de sua mensagem e pela beleza de suas palavras, sendo, hoje, traduzidos para mais de treze países. São textos que nos alertam sobre como a humanidade está lidando com o meio ambiente e com o seu próprio futuro. Sua visão de mundo é poderosa, abrangente, inclusiva. Ler com atenção o que Ailton Krenak escreve é fundamental para compreender alguns dos dramas mais agudos que vivemos hoje."
Sobre o novo acadêmico Ailton Krenak
Ailton Alves Lacerda Krenak é um pensador, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro da etnia indígena crenaque. É também professor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pela Universidade de Brasília (UnB).
Nascido em 1953 no município de Itabirinha, no estado de Minas Gerais, na região do Médio Rio Doce, aos dezessete anos de idade Ailton mudou-se com sua família para o estado do Paraná, onde se alfabetizou e se tornou produtor gráfico e jornalista. Na década de 1980, passou a dedicar-se exclusivamente ao movimento indígena. Em 1985, fundou a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena, que visa promover a cultura indígena. À época da Assembleia Nacional Constituinte, uma emenda popular assegurou a participação do grupo no processo de elaboração da nova Carta Magna, momento em que Ailton assumiu ativo papel na defesa dos direitos de seu povo.
Em 1988, participou da fundação da União dos Povos Indígenas, organização que visa representar os interesses indígenas no cenário nacional. No ano seguinte, participou da Aliança dos Povos da Floresta, movimento que visava o estabelecimento de reservas naturais na Amazônia - onde fosse possível a subsistência econômica através da extração do látex da seringueira, bem como da coleta de outros produtos da floresta. Aí, retornou a Minas Gerais, onde passou a dedicar-se ao Núcleo de Cultura Indígena.
Desde 1998, a organização realiza, na região da Serra do Cipó, em Minas Gerais, um festival idealizado por Ailton: o Festival de Dança e Cultura Indígena, que promove a integração entre as diferentes tribos indígenas brasileiras.
Em 1999, sua obra O "Eterno Retorno do Encontro" foi publicada no livro "A Outra Margem do Ocidente", organizado por Adauto Novaes. Em 2000, foi o narrador principal do documentário "Índios no Brasil", produzido pela TV Escola. Dividido em dez partes, o vídeo aborda a Identidade, as línguas, os costumes, as tradições, a colonização e o contato com o branco, a briga pela terra, a integração com a natureza e os direitos conquistados pelos indígenas até fins do século XX.
No ano de 2014, Ailton foi um dos palestrantes do seminário internacional Os Mil Nomes de Gaia, ocorrido no Rio de Janeiro sob organização de Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo do Museu Nacional, e Deborah Danowski, filósofa da PUC-Rio.
Em abril de 2015, durante a Mobilização Nacional Indígena, convocada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – Apib, foi lançado um livro da coleção Encontros, da Azougue Editorial, que reúne diversas entrevistas concedidas por Ailton Krenak, entre 1984 e 2013. Os textos foram organizados pelo editor Sérgio Cohn e contam com apresentação de Viveiros de Castro.
No dia 18 de fevereiro de 2016, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) concedeu a Krenak o título de Professor Doutor Honoris Causa, um reconhecimento pela sua importância na luta pelos direitos dos povos indígenas e pelas causas ambientais no país. Nesta mesma universidade, Krenak leciona as disciplinas "Cultura e História dos Povos Indígenas" e "Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais", ambos em cursos de especialização.
Em 2018, foi um dos protagonistas de uma série na Netflix chamada "Guerras do Brasil", que relata com detalhes a formação do Brasil ao longo de séculos de conflito armado, começando com os primeiros conquistadores até a violência na atualidade.
Em 2020, conquistou o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano concedido pela União Brasileira dos Escritores (UBE).
Em dezembro de 2021, a Universidade de Brasília concedeu a Ailton Krenak o título de Professor Doutor Honoris Causa.
Tem vários livros publicados. Sua obra está traduzida para mais de treze países. Atualmente vive na Reserva Indígena Krenak, no município de Resplendor, no estado de Minas Gerais.
FONTE: Por O TEMPO DIVERSÃO
Publicado em 14 de junho de 2022 | 16h29 - Atualizado em 14 de junho de 2022 | 16h29
https://www.otempo.com.br/diversao/ailton-krenak-e-eleito-para-a-academia-mineira-de-letras-1.2683763
quinta-feira, 9 de junho de 2022
Documentário reúne visões de mundo e experiências que se conectam para influenciar o pensamento coletivo
A partir de 11 depoimentos no documentário “Inspira”, jornalista tenta mostrar que tudo e todos estão conectados
Krenak com a jornalista Patricia, diretora do documentário: transformações não se concluem, tudo está em movimento
São Paulo – A cena se dá durante a Assembleia Nacional Constituinte, em 1987, mas poderia ser hoje. Da tribuna, o jovem indígena Ailton Krenak, 34 anos à época, se dirige aos parlamentares enquanto espalha tinta no rosto: “Os senhores não poderão ficar alheios a mais essa agressão movida pelo poder econômico, pela ganância, pela ignorância do que significa ser um povo indígena”. Povo com seu jeito de viver e pensar, lembra, que nunca pôs em risco sequer os animais, quanto mais a vida de outros seres humanos.
Passadas três décadas e meia, o ambientalista, filósofo e líder indígena reflete. “Interessante que eu fui cultivando em mim essa fala, pacífica, sem intenção. (…) Se a gente continuar com essa violência toda em relação às paisagens constituídas – é o desenho da vida –, se a gente vai remover as montanhas, nós vamos ficar com quê, um buraco?”, questiona. “Tudo que move é sagrado, né?”, emenda Krenak, citando verso de Amor de Índio (Beto Guedes/Ronaldo Bastos), canção lembrada principalmente pela interpretação de Milton Nascimento. Atirando um pedregulho no rio, ele comenta: “A imagem da pedrinha fazendo círculos na água sugere que não tem uma transformação que se conclui. É movimento”.
Todos contados
Os pensamentos de Ailton Krenak, à beira do rio Doce, na Serra do Cipó, onde vive, em Redentor (MG), abrem Inspira, dirigido pela jornalista Patricia Travassos. O documentário foi lançado na noite dessa segunda-feira (6), na recém reaberta Cinemateca Brasileira, na zona sul de São Paulo, com alguns dos 11 entrevistados presentes. No dizer da autora, é um estímulo à reflexão sobre o outro. “Estamos todos conectados e, a partir da nossa consciência individual, somos capazes de impactar o pensamento coletivo.”
Na conversa com o líder indígena e pensador, surgiu a ideia de mostrar a água como uma espécie de fio condutor do filme, ao longo de quase uma hora e meia: mar, rio, chuva, nascente, tudo vira correnteza. E o compositor Lenine, na Urca, no Rio de Janeiro, surge justamente tocando e cantando Quede Água?:
“Basicamente o núcleo familiar foi o grande fomentador na minha vida”, conta Lenine. Seu pai, José Geraldo, acreditava que a partir dos 8 anos de idade o ser humano deveria ser estimulado a fazer escolhas. “Sua mãe acredita que a melhor maneira de você se conectar com o divino é na missa. Papai acha que existem outras maneiras”, dizia. “A gente trocou pela música.” Ele se revela discípulo de Dorival Caymmi, o “maior compositor marinho” da história.
Ancestralidade e racismo
Por falar em Caymmi, a câmara se transporta para a Lagoa do Abaeté, na praia de Itapoã, em Salvador. É onde está o geógrafo e escritor Itamar Vieira Junior, autor de Torto Arado. Ancestralidade é um processo em construção e toda história é importante, lembra, ouvindo os cantos das lavadeiras. Seu livro, diz, fala em racismo estrutural, que a abolição não foi completa. “Que as pessoas ditas libertas naquele período não tiveram nenhum amparo para poder ter autonomia e governança sobre suas vidas, que elas precisaram viver errantes, trabalhando em lugares de maneira precarizada e sempre de maneira subalterna. Isso não foi modificado até os dias de hoje. Talvez a mestiçagem seja uma utopia futura do país.”
Mais água, agora do rio Pinheiros, em São Paulo. Nascido em Taboão da Serra, o humorista (e ex-bancário) Thiago Ventura atravessou a ponte e veio morar na capital. Ele fala da quebrada, das cotas, racismo, das origens. Depois dele, a influenciadora digital Paola Antonini, se exercitando à beira da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, conta como foi a primeira vez em que postou uma fotografia usando a prótese – aos 20 anos, perdeu a perna esquerda ao ser atropelada. Ela criou um instituto que ajuda crianças com deficiência.
Assim se sucedem as histórias, como a da atriz Clarice Niskier, em cartaz há quase 15 anos com a peça A Alma Imoral, entre vários outros trabalhos (“É um engano, no meu ponto de vista, achar que todo mundo pensando igual é o que vai preservar a humanidade (…). Cada um vai entendendo como que aquela obra coletiva pode ser feita com as várias visões de mundo, entendeu?”). Ou da física Marcia Barbosa, que desenvolveu tecnologia para transformar água do mar em potável, defensora da diversidade inclusive na ciência (“Sabe o que é entrar numa sala de aula e de 40 alunos só ter quatro mulheres, e nenhuma delas se formar contigo?”).
Camadas narrativas
O filme demorou quase dois anos para ser concluído, no meio da pandemia. As gravações, especificamente, foram feitas de maio a agosto do ano passado, em Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e também nas mineiras Resplendor e Betim. Também foram entrevistados a bailarina e cantora Flaira Ferro, os irmãos e grafiteiros Gustavo e Otávio (conhecidos como OSGEMEOS) e a médica da família e cantora Julia Rocha.
“Durante as gravações, a nossa história foi ganhando diferentes camadas narrativas. Partimos de personalidades inspiradoras, suas histórias individuais e os grandes temas que mais as inspiravam. Chegamos a um pensamento plural”, conta a diretora. “Queríamos conectar personagens diferentes, mas queríamos também que eles dialogassem e não fossem apresentados no documentário de forma blocada, separada. O maior desafio foi montar um quebra-cabeças que fizesse sentido em conjunto, sem deixar de valorizar a história individual de cada um.”
FONTE: https://www.redebrasilatual.com.br/cultura/2022/06/documentario-inspira-visoes-mundo-pensamento-coletivo/
sexta-feira, 3 de junho de 2022
Aílton Krenak e Alcione são cotados para vaga de Elza Soares na ABC
Após a morte da "Voz do Milênio", a cadeira de número 28 da Academia Brasileira de Cultura ficou vaga
New Mag
24/05/2022 18:56,atualizado 24/05/2022 18:56
Dois nomes estão muito bem cotados para ocupar, na Academia Brasileira de Cultura (ABC), a cadeira 28, vaga com a morte da cantora Elza Soares (1930-2022). São eles o da cantora Alcione e o do escritor e ambientalista Aílton Krenak.
O nome de Krenak é visto com indisfarçável entusiasmo por poder representar o primeiro ingresso de um representante indígena na instituição. O autor, de 68 anos, é um representante da etnia krenak e nasceu em Itabirinha, Minas Gerais.
A favor de Alcione pesa o fato de, a exemplo de Elza, ela ser uma representante da música. A cadeira de número 28 foi originalmente ocupada pela cantora Emilinha Borba (1923-2005), uma das mais populares artistas da chamada Era de Ouro do Rádio.
Leia a matéria completa no site New Mag, parceiro do Metrópoles.
FONTE: https://www.metropoles.com/entretenimento/ailton-krenak-e-alcione-sao-cotados-para-vaga-de-elza-soares-na-abc
sexta-feira, 20 de maio de 2022
Aílton Krenak participa do projeto “Eu, Oca”, em Teresina
O escritor Aílton Krenak participa, nos próximos dias 20 e 21 de maio, do projeto “Eu, Oca”, no Centro Cultural do Sesc de Teresina. Durante os dois dias do evento, o ativista indígena participará de apresentações municipais com um grupo piauiense e de debates de filmes. Confira o cronograma:
20/05 – 17h – Abertura do evento com apresentação do grupo piauiense Caju Pinga Fogo e presença de Aílton Krenak
20/05 - 20h15 - Debate sobre o filme “Chuva é cantoria na Aldeia dos Mortos” com Aílton Krenak – Teatro do Centro Cultural
21/05 - 10h20 - Debate sobre o filme “Ex-Pajé” com Aílton Krenak – Teatro do Centro Cultural
Sobre Aílton Krenak
Aílton Krenak é um dos mais proeminentes intelectuais brasileiros da atualidade e uma liderança histórica do movimento nacional indígena. Nascido em 1953, em Itabirinha (MG), Krenak ganhou notoriedade nacional na década de 1980, no processo de luta pela redemocratização do país, que culminou com a aprovação de uma nova Constituição Federal, em 1988, que assegurou os direitos originários dos povos indígenas brasileiros.
Fundou em 1988 a União das Nações Indígenas e em 1989 o Movimento Aliança dos Povos da Floresta. Dirige o Núcleo de Cultura Indígena (Reserva Indígena Krenak), na região do Médio Rio Doce, MG.
Em 2016 recebeu o título de Professor Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde leciona as disciplinas “Cultura e História dos Povos Indígenas” e “Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais”, em curso de especialização. É também roteirista e apresentador de séries com temáticas indígenas, comendador da Ordem de Mérito Cultural da Presidência da República (2021) e pesquisador convidado da Cátedra Calas-IEAT-UFMG, questionando a lógica urbana e o especismo humano, com a pesquisa “A vida é selvagem”.
Na semana passada, Aílton recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília (UnB). Ele é o primeiro indígena a receber o título pela universidade. O reconhecimento, um dos mais importantes da instituição, é concedido a personalidades que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.
Sobre o projeto “Eu, Oca”
O projeto “Eu, Oca” tem como objetivo valorizar e fomentar a cultura dos povos indígenas, oferecendo à população conhecimento, apreciação e troca de saberes com artistas e pesquisadores originários. A ideia é democratizar espaços com apresentações artísticas, exibição de filmes, debates, exposições, contações de histórias e oficinas envolvendo a temática de povos originários.
O “Eu,Oca” terá a participação de ativistas nacionais, como Aílton Krenak, Daniel Munduruku, Alexandra Krenak e Márcia Kambeba, além de grupos e artistas piauienses, como a cantora Monise Borges, o grupo Caju Pinga Fogo, o grupo de boi Riso da Mocidade, a pesquisadora Aliã Wamiri e o artista visual Jabuh.
Da Redação
redacao@cidadeverde.com
FONTE: https://cidadeverde.com/noticias/368526/ailton-krenak-participa-do-projeto-eu-oca-em-teresina
quarta-feira, 18 de maio de 2022
Causa pela UnB - Líder indígena ganhou o principal reconhecimento de universidade a personalidades de destaque na sociedade
Redação
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 13 de Maio de 2022 às 09:51
Aílton Krenak é o primeiro indígena a receber um título de Doutor Honoris Causa pela UnB
O líder indígena Aílton Krenak é o mais novo Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília (UnB). Ele é o primeiro indígena a receber o título pela universidade. O reconhecimento, um dos mais importantes da instituição, é concedido a personalidades que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.
O ato de entrega ocorreu na tarde desta quinta (12), no auditório do Conselho Universitário (Consuni), que fica no campus Darcy Ribeiro. A data foi definida em memória ao lançamento oficial da Aliança dos Povos da Floresta ocorrida em 12 de maio de 1989, em São Paulo, sob a liderança de Ailton Krenak, da União das Nações Indígenas (UNI), e Chico Mendes, do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS).
Ailton Krenak é um dos mais proeminentes intelectuais brasileiros da atualidade e uma liderança histórica do movimento nacional indígena. Ele é integrante do povo indígena Krenak (ou Borun), e vive no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
Nascido em 1953, em Itabirinha (MG), Krenak ganhou notoriedade nacional na década de 1980, no processo de luta pela redemocratização do país, que culminou com a aprovação de uma nova Constituição Federal, em 1988, que assegurou os direitos originários dos povos indígenas brasileiros.
"Eu acabei me constituindo como um sujeito coletivo, com experiência profunda de pertencimento a essa terra, a esse território, dessa parte do planeta que nós nos apegamos de maneira tão determinada, que nós enfrentamos qualquer desafio para honrar essa Mãe Terra", disse, emocionado, no discurso após receber a honraria, atribuindo este reconhecimento não à sua pessoa, mas a comunidade da qual ele faz parte.
:: Krenak: "Todo mundo deve se armar com título de eleitor e dar um basta nessa direita ignorante" ::
Em sua manifestação, Krenak falou sobre dar salto de conhecimento, e rebateu a mistificação que faz em torno da genialidade das pessoas.
"Quando alguém consegue dar um salto de qualidade, ele é considerado um gênio. É que o Ocidente adora fazer esse tipo de mistificação. Na verdade, em outras culturas, [gênio] é um ser desperto. O ser desperto, ele é capaz de causar, de promover isso que é chamado disrupção. Disrupção não é um evento só da técnica, ele é do conhecimento. A gente pode saltar em conhecimento desde que a gente esteja disposto a ser uma experiência cotidiana de uma mente alerta. Nós somos seres que podemos viver em estado permanente de consciência. É exatamente o ser alerta que é aquilo que o Ocidente chama de genialidade. Vamos ficar alertas, vamos ser geniais", provocou.
Reitora da UnB, a professora Márcia Abrahão afirmou que é esse tipo de homenagem é uma forma de honrar a própria universidade.
Saiba também: Cartola, Conceição Evaristo e Krenak serão leituras obrigatórias do vestibular da Unicamp
"Nós que nos sentimos honrados em ter na nossa lista Honoris Causa de ter alguém com Aílton Krenak a partir de agora. A UnB nos seus 60 anos mostra suas prioridades, o que a universidade pensa do conhecimento e do saber", afirmou. Ela também disse que o título é uma homenagem à memória do antropólogo Darcy Ribeiro, fundador da UnB, aliado dos povos indígenas.
A recomendação da homenagem ao líder indígena foi feita pelo Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) da universidade e havia sido aprovada pelo Consuni em dezembro do ano passado, por aclamação.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino
FONTE: https://www.brasildefato.com.br/2022/05/13/ailton-krenak-e-o-primeiro-indigena-a-receber-doutor-honoris-causa-pela-unb
sexta-feira, 13 de maio de 2022
No Cineteatro São Luiz: Fabrício Carpinejar e Ailton Krenak encerram o projeto Diálogos Contemporâneos na próxima semana
Na segunda-feira (16), Carpinejar conversa sobre “O envelhecimento e o espaço social dos que não são mais jovens”. Na terça (17), Krenak fala sobre “A cultura do descarte: sociedade de consumo, meio ambiente e o futuro da humanidade”. O acesso é gratuito. O evento conta com apoio da Secult Ceará
O escritor Fabrício Carpinejar é o próximo convidado do Diálogos Contemporâneos, projeto literário realizado pela Associação dos Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC) com apoio da Secult Ceará e Cineteatro São Luiz. Ele profere a conferência com tema “O envelhecimento e o espaço social dos que não são mais jovens” na segunda-feira, 16 de maio. Depois de Carpinejar, o escritor, ambientalista e líder indígena Ailton Krenak encerra o projeto em Fortaleza na terça-feira, 17, com a conferência sobre “A cultura do descarte: sociedade de consumo, meio ambiente e o futuro da humanidade”. O projeto acontece às 19h no Cineteatro São Luiz, equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult/CE) gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). O acesso é gratuito por ordem de chegada. Todas as conferências têm transmissão ao vivo no canal da AACIC no YouTube: https://www.youtube.com/aacic.
Ação nas escolas – Como uma ação de formação de leitores do projeto Diálogos Contemporâneos, grupos de alunos de oito escolas públicas estão estudando um livro de um dos oito escritores convidados do projeto em Fortaleza. São 30 alunos de cada escola. Juntos, conhecem a obra do escritor e se aprofundam em um de seus livros. Alunos do Liceu de Messejana estudaram “Coragem de viver”, de Fabrício Carpinejar, e vão conversar com o autor no dia 16 pela manhã, na própria escola. Alunos da EEMTI Profa. Telina Barbosa da Costa estudaram “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak, com quem têm um encontro na manhã do dia 17.
Escritor premiado, Fabrício Carpinejar tem 48 livros publicados e mais de 20 prêmios literários, entre eles, duas vezes o Prêmio Jabuti. É um dos escritores contemporâneos brasileiros mais reconhecidos do país. Suas obras transitam entre diversos gêneros como poesia, crônicas, infanto-juvenis e reportagens. Seu novo livro, “Depois é Nunca”(Grupo Editorial Record), é um conjunto de reflexões aprofundadas sobre o luto e a despedida. Carpinejar é jornalista com larga experiência em programas em rádio e televisão, ator interpretando suas crônicas, influenciador digital com três milhões de seguidores nas redes sociais, palestrante requisitado no mundo corporativo e professor de Estética no Pós-Graduação da PUC-RS.
Ailton Krenak é escritor, pesquisador, ambientalista e líder indígena. De origem do Povo Krenak, suas pesquisas e atuação vão de encontro com a luta dos povos indígenas e questões ambientalistas. É considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional. Krenak é autor entre outras do livro “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019), “O amanhã não está à venda” (2020) e “A vida não é útil” (2020), pela Companhia das Letras, e “Lugares de Origem”, com Yussef Campos (2021. Editora Jandaíra). Em 2016 recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora e em 2020 ganhou o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano, oferecido pela União Brasileira de Escritores.
OS TEMAS DAS CONFERÊNCIAS
Tema de Fabrício Carpinejar: “O envelhecimento e o espaço social dos que não são mais jovens”
A média de vida no Brasil aumentou significativamente nas últimas décadas, saindo de 57 anos em 1970 para 76 anos em 2019, alterando a percepção que temos dos mais velhos em nosso meio. Entre as classes média e alta, a média de vida se aproxima dos 80 anos. O Brasil está preparado para receber esse crescente número de pessoas que em 2030 superará a população de crianças e adolescentes? A conferência terá como mediadora a escritora Anna K. Lima, autora de “Claviculário”, publisher da Aliás Editora.
Tema de Ailton Krenak: “A cultura do descarte: sociedade de consumo, meio ambiente e o futuro da humanidade”
O Brasil se tornou o centro das preocupações mundiais em decorrência dos desastres ambientais, queimadas, desmatamentos e invasões de terras indígenas e reservas ambientais. A devastação inviabiliza o desenvolvimento sustentável, comprometendo a preservação do meio ambiente e condenando as gerações futuras. A conversa será mediada pelo por Talles Azigon, poeta, editor, mediador de leituras. É um dos criadores da Editora Substânsia e um dos atuais curadores da Bienal Internacional do Livro do Ceará.
O PROJETO DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS
Com a participação de algumas das maiores referências da literatura brasileira da atualidade, em conferências para pensar o contemporâneo a partir de suas obras literárias, o projeto literário Diálogos Contemporâneos teve início em Fortaleza no dia 18 de abril e segue até o dia 17 de maio com atividades semanais. Já participaram os escritores Mary Del Priore, Mário Magalhães, Tony Bellotto, Preta Ferreira e Viviane Mosé.
O Projeto Literário Diálogos Contemporâneos é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura com recursos de Emenda Parlamentar de execução obrigatória destacada à Secretaria Especial da Cultura, do Ministério do Turismo. Apoio institucional: Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult/CE).
PROTOCOLO DE ACESSO – Para ter acesso à programação presencial no Cineteatro São Luiz será exigida a apresentação do passaporte vacinal com as três doses ou dose de reforço (até 6 meses da aplicação da vacina de dose única) para pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, acompanhado de documento oficial com foto.
SERVIÇO
Projeto Literário Diálogos Contemporâneos – Entre 18 de abril e 17 de maio de 2022, às 19h, no Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500 – Centro, Fortaleza/CE). Acesso gratuito, por ordem de chegada (sem retirada de ingresso).
FONTE: https://www.secult.ce.gov.br/2022/05/10/no-cineteatro-sao-luiz-fabricio-carpinejar-e-ailton-krenak-encerram-o-projeto-dialogos-contemporaneos-na-proxima-semana/
terça-feira, 10 de maio de 2022
Ailton Krenak recebe título de Doutor Honoris Causa pela UnB nesta quinta (12/05)
A comunidade poderá acompanhar a cerimônia em transmissão ao vivo pelo canal da UnBTV
Redação
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 09 de Maio de 2022
A partir da década de 1980, Ailton Krenak passou a se dedicar à articulação do movimento indígena. - Divulgação
O líder indígena Ailton Krenak receberá da Universidade de Brasília (UNB) o título de Doutor Honoris Causa. A homenagem será realizada na quinta-feira, 12, às 16h30. Para convidados, a cerimônia acontece no auditório da instituição. A comunidade poderá acompanhar o evento em transmissão ao vivo pelo canal da UnBTV no YouTube.
O título de Doutor Honoris Causa a Krenak foi aprovado pelo Conselho Universitário (Consuni) da UnB em dezembro de 2021. Na ocasião, o vice-reitor Enrique Huelva, disse que “Krenak é um filósofo imprescindível para este momento. Ele acrescenta novas ontologias que transcendem a divisão entre a natureza e o ser humano”.
A data da entrega do título foi definida em memória ao lançamento oficial da Aliança dos Povos da Floresta ocorrida em 12 de maio de 1989, em São Paulo, sob a liderança de Ailton Krenak, da União das Nações Indígenas (UNI), e Chico Mendes, do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS).
A partir da década de 1980, Ailton Krenak passou a se dedicar à articulação do movimento indígena. Em 1987, durante as discussões da Assembleia Constituinte, foi autor de um gesto marcante que comoveu a opinião pública: pintou o rosto de jenipapo enquanto discursava no plenário do Congresso Nacional, em sinal de luto pelo retrocesso dos direitos indígenas.
Honoris Causa
A concessão do título pela UnB é atribuída a personalidades que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. A recomendação da homenagem ao líder indígena foi feita pelo Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) da universidade.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino
FONTE: https://www.brasildefato.com.br/2022/05/09/ailton-krenak-recebe-titulo-de-doutor-honoris-causa-pela-unb-nesta-quinta-12
MAM Rio apresenta a primeira edição do “Super Sábado”
Redação do Diário Carioca
6 de maio de 2022
No próximo sábado (14), o MAM Rio apresenta a primeira edição do “Super Sábado”, dia dedicado a uma programação diversa e gratuita nos espaços do museu. A partir das 10h, o público já pode encontrar nos jardins do MAM a feira gastronômica do projeto Junta Local, e a oficina de acrobacia aérea circense, aberta para todas as idades.
Às 14h30, na Cinemateca, será exibida nova sessão de Pequenos Cinéfilos, desta vez pensando formas de construir identidade e coletividade a partir da perspectiva negra, com dois curta-metragens.
O projeto Selvagem também integra a programação, com a realização de uma roda de conversa, às 15h, que articula conhecimentos a partir de perspectivas indígenas – acadêmicas, científicas e tradicionais – com Ailton Krenak, Cristine Takuá, Muniz Sodré e Thelma Villas Boas.
Por fim, a exposição Terra em Tempos segue em cartaz de 10h às 18h, com 270 fotos feitas por nomes como Walter Firmo, Iole de Freitas e Sebastião Salgado.
SERVIÇO:
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Av. Infante Dom Henrique, 85 – Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro
Tel: (21) 3883-5600
Instagram: @mam.rio
Mais informações: https://www.mam.rio/
Horários:
Quintas e sextas, das 13h às 18h
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Ingressos:
Contribuição sugerida, com opção de acesso gratuito
Valores sugeridos:
Adultos: R$ 20
FONTE: https://diariocarioca.com/cenario/giro-carioca/noticia/2022/05/06/mam-rio-apresenta-a-primeira-edicao-do-super-sabado/10310368.html
segunda-feira, 2 de maio de 2022
Pedro Bial se encontra com o líder indígena Ailton Krenak às margens do Rio Doce
Vídeos do episódio de 'Conversa com Bial' de terça-feira, 19 de abril de 2022 - Gshow
https://gshow.globo.com/programas/conversa-com-bial/episodio/2022/04/20/videos-do-episodio-de-conversa-com-bial-de-terca-feira-19-de-abril-de-2022.ghtml
Krenak: "Todo mundo deve se armar com título de eleitor e dar um basta nessa direita ignorante"
No BDF Entrevista desta semana, ativista fala ainda sobre o Marco Temporal: "excrescência jurídica"
José Eduardo Bernardes
12 de Abril de 2022 às 08:09
OBS: PODCAST NO SITE DE REFERÊNCIA:
https://www.brasildefato.com.br/2022/04/12/krenak-todo-mundo-deve-se-armar-com-titulo-de-eleitor-e-dar-um-basta-nessa-direita-ignorante
A invasão colonial do Brasil no século XVI não foi superada, segundo Ailton Krenak, liderança indígena da bacia do Rio Doce e ativista ambiental. “Nós não podemos continuar reformando constituições dentro de um corpo de um Estado colonial. O estado colonial foi fundado pelos espanhóis e portugueses. O que você mudar ali dentro, o jogo já está feito, entendeu?”, diz.
Convidado desta semana no BDF Entrevista, Krenak afirma que as armadilhas do estado colonial ainda assombram a República, e uma delas está ligada à sistemática expulsão de indígenas de suas terras ancestrais. Para além dos projetos de legalização do garimpo que tramitam na Câmara Federal, a decisão que o Supremo colocará novamente em votação no meio do ano sobre o Marco Temporal é uma das mais assustadoras, segundo o ativista, que define a medida como uma "excrescência jurídica".
Relembre: Ailton Krenak: “A mineração não tem dignidade, se pudesse continuaria escravizando”
“Eles largaram no texto da Constituição um rabicho para que alguém enfiasse lá esse Marco Temporal. Ela consegue colar no capítulo dos direitos dos índios, onde está a obrigação da União em reconhecer e demarcar as terras indígenas. A União transformou isso numa decisão imperial, se os índios podem ou não ter aquela terra”, avalia.
O Marco Temporal estabelece que só poderão ser demarcadas e reconhecidas as terras indígenas ocupadas legalmente até 1988, data da promulgação da Constituição do Brasil. “O artigo 231 da Constituição Brasileira é definitivo. Ele diz que a União e o Estado brasileiro devem reconhecer as terras indígenas. Quer dizer, é um ato de reconhecimento à ocupação histórica tradicional dos povos indígenas. Não cabe nenhuma discussão sobre isso”, afirma Krenak.
Para avaliar a tese que se tornará jurisprudência para demais casos, o Supremo julga o processo de demarcação da Terra Indígena Ibirama, em Santa Catarina, habitada pelos povos Xokleng, Kaingang e Guarani e que teve sua posse questionada por cerca de 300 agricultores dos municípios José Boiteux, Vitor Meireles, Itaiópolis e Doutor Pedrinho. A ação ganhou apoio da Procuradoria-geral do Estado de Santa Catarina (PGE-SC), que ingressou como parte interessada.
O julgamento foi interrompido em setembro de 2021, após um pedido de vistas do ministro Alexandre de Moraes. Naquele momento, a votação estava empatada em 1 a 1: um voto a favor, proferido pelo ministro Kássio Nunes Marques, indicado de Jair Bolsonaro (PL) à corte; e outro contrário, do ministro Edson Fachin.
Krenak reflete ainda sobre a cooptação de lideranças indígenas pelo bolsonarismo, que, para ele, remonta há muitos anos: ao projeto desenvolvimentista brasileiro baseado no consumo e à maneira como a sociedade está distante de exercer plenamente sua cidadania.
“Até a campanha eleitoral deste ano: as pessoas parecem que estão olhando uma coisa que está acontecendo em outro país. Todos esses jovens de 17 anos, eles deveriam estar assim, mobilizados demais para tirar o título de eleitor. Principalmente nos lugares pobres do nosso país, nos segmentos mais pobres, mais excluídos, as favelas, as quebradas", afirma.
“Todo mundo tinha que se armar com o título de eleitor e dar um basta, do ponto de vista eleitoral, tão redundante, que não deixasse dúvida a essa direita ignorante de que ela está errada. A gente tinha que tentar fazer isso pela via do que chamam de democracia, para a gente testar nossa capacidade de mobilização”, complementa.
Confira a entrevista na íntegra:
Brasil de Fato: O Marco Temporal segue em debate no Supremo Tribunal Federal e deve ser votado no meio do ano. É um processo que se arrasta há bastante tempo já, entre matérias no Congresso e na Corte. Qual o impacto de reconhecer apenas as terras indígenas ocupadas até a Constituição de 1988?
Ailton Krenak: É uma ofensa ao princípio da nossa Constituição, porque o artigo 231 da Constituição Brasileira é definitivo. Ele diz que a União e o Estado brasileiro devem reconhecer as terras indígenas. Quer dizer, é um ato de reconhecimento à ocupação histórica tradicional dos povos indígenas. Não cabe nenhuma discussão sobre isso.
Eles largaram no texto da Constituição um rabicho para que alguém enfiasse lá esse Marco Temporal, é uma excrescência jurídica. Só que ele consegue colar no capítulo dos direitos dos índios, onde está a obrigação da União em reconhecer e demarcar as terras indígenas. A União transformou isso numa decisão imperial, se os índios podem ou não ter aquela terra.
Não é essa a questão que a Constituição põe. A Constituição determina que é para demarcar. Seria mais ou menos como se alguém determinasse a um sujeito que ele deve levar um balde de água até o jardim e, no meio do caminho, o cara querer discutir se o balde deve estar cheio ou pelo meio, entendeu?
Falando justamente sobre a Constituinte, o senhor teve um papel fundamental naquele processo que culminou na Constituição de 1988, que no papel é super avançada. Naquela época, o senhor se pintou durante um discurso histórico no Congresso Nacional. É verdade que, para entrar no Congresso, o senhor precisou recolher trajes sociais com parceiros, assessores do Congresso, porque eles não permitiram a tua entrada?
É bom lembrar que na década de 1980 a sociedade brasileira tinha outra configuração. A gente estava saindo de uma ditadura e você tinha, mesmo, o povo na rua. Eu fiz uma fala dentro do Congresso Constituinte apoiado por 120 mil assinaturas de brasileiros, espalhados pelo país inteiro.
Era uma emenda popular, eu estava ali com um mandato amplo, então eu pude falar durante alguns minutos, defendendo o capítulo dos direitos indígenas na nossa Constituição. De certa maneira, formulando aquilo que veio a ser os nossos direitos, mas que já era produto de uma articulação muito grande de diferentes segmentos, inclusive de sindicatos de trabalhadores rurais.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura, os metalúrgicos do ABC participavam dessas negociações. A OAB, a CNBB [também]. Quer dizer, era um amplo movimento social em que eu era o sujeito que, naquele momento, tinha que entrar lá e pegar o leão. Tem gente que acha que eu tinha um mandato parlamentar. Eu não fui eleito deputado, eu tinha uma representação atribuída pelo movimento social para fazer uma intervenção e foi o que eu fiz.
Eu levava o segredo no bolso, um potinho com aquela tinta preta, que eu passei no rosto.
É claro que eu cheguei lá de camiseta e calça jeans e os caras falaram: “você não vai entrar aqui, desse jeito. Você tem que estar a caráter, você tem que estar com traje adequado”. E eu, lógico, fui ver que o traje adequado era um terno. Eu tinha que ter um terno, usar paletó e gravata. Então eu fui nos gabinetes dos deputados que eu conhecia na época. Eu não me esqueço que o Domingos Leonelli me arrumou o paletó; o Márcio Santilli, a gravata; o gabinete do Fábio Feldmann me arrumou mais algum acessório e eu me pus naquela condição de parlamentar e pude ser admitido no recinto.
E claro, eu levava o segredo no bolso, um potinho com aquela tinta preta, que eu passei no rosto. Eu sabia que não adiantava eu chegar lá e, em 10 minutos, espernear e convencer 500 parlamentares a aprovar o direito dos índios na Constituição, porque a luta política naquela época era muito aberta e o racismo, o preconceito, eram muito explícitos.
Eu pensei: “bom, não adianta. Por mais incrível que seja meu discurso aqui, os caras não vão me escutar”. Foi daí que nasceu aquele gesto que hoje é chamado de performance. Dez anos depois me disseram: “você fez uma performance”. Eu não tinha a menor ideia disso e eu acho que, nem no contexto da cultura brasileira, a ideia de alguém fazer uma performance ainda não era uma coisa tão comum.
A gente não tinha internet, que nasceu 20 anos depois. É muito interessante lembrar tudo isso. Pessoas das novas gerações podem pensar que eu estava fazendo uma selfie de lá de dentro do Parlamento. Não, o negócio lá era duro. Era você encarar mesmo, argumentar e ser ouvido. Não tinha nenhum jeito de você apelar para quem estava fora daquele salão, não tinha opinião pública que você mobilizava.
E felizmente, pelo engajamento e pelo profundo envolvimento com a temática, eu tinha todos os elementos para argumentar com aquela porção de latifundiários que estava lá. Porque o centrão, esse centrão de sempre, estava lá com a maioria na Assembleia Nacional Constituinte e constrangeu o debate, coisas como deixar uma isca nos direitos sociais, para que eles, no futuro, pudessem dar um tombo na questão do trabalho, na questão do reconhecimento das populações quilombolas, indígenas.
Tanto que você pode ver que, até hoje, existe uma discussão se os quilombos são ou não são um direito a ser reconhecido. De vez em quando alguém tenta acabar com esse direito dos habitantes de territórios de Quilombo. Da mesma maneira que eles tentam sabotar o princípio do direito originário dos povos indígenas sobre as terras que já habitavam.
E não tem essa de botar uma data, dizer: “não os que estavam ali até o dia da Constituição ser promulgada”. Isso é um golpe.
O senhor falou sobre essas pontas soltas da Constituição. Seria possível refazê-la? A gente já teve várias tentativas de assembleias constituintes nos últimos anos. Há espaço para isso? Lembrando do que acontece neste momento no Chile, onde o povo Mapuche, inclusive, lidera a Assembleia Nacional Constituinte para a refundação da Constituição chilena.
Bem, aí são coisas tão distintas que a gente não pode fazer uma comparação. O que acontece no Chile hoje é resultado de uma longa mobilização Andina, desde o Equador, onde se discute o direito da natureza, onde se discute a refundação dos estados coloniais na América Latina e o contexto do Chile, ele põe em questão: não é só refazer os termos de uma Constituição, é refazer os termos da fundação do Estado chileno.
Uma conclusão que lá na Bolívia já se chegou e em outros países da América Latina também é que nós não podemos continuar reformando constituições dentro de um corpo de um estado colonial. O estado colonial foi fundado pelos espanhóis e portugueses. O que você mudar ali dentro, o jogo já está feito, entendeu?
Eu estava até me lembrando daquela história que eu comentei com você, que o Zagallo estava com a Seleção Brasileira para jogar contra os russos. Montou o esquema e anunciou o esquema para os jogadores. O Garrincha virou para ele e disse: “Tá, mas você já tratou com os russos?”
Não adianta a gente mudar a Constituição se a gente não tratar com o escopo de um estado colonial. Já que está tão em debate a descolonização, como que nós vamos pensar uma Constituição que vai ser válida dentro de um arcabouço de um estado que é colonial? Que os caras que têm o poder vieram do Império?
Muitas das pessoas que seguiram a vida política brasileira, os tataravós deles, os avós deles eram conselheiros do Dom Pedro II. A primeira República foi só uma mudança de prédio. Mudou o prédio, não a República. Era um monte de conselheiros do Império assumindo cargos na República, com todos os vícios.
E o quão distante a gente está dessa democracia real?
Bom, a gente sabe o que é a Cordilheiras dos Andes, não é? Essa é a distância que nos separa da experiência do Chile. A gente tem que atravessar a Cordilheira dos Andes para chegar na experiência deles, que é a refundação do Estado colonial chileno, que foi instituído pelos espanhóis e está lá até hoje, caquético. Assim como o nosso foi instituído pelos portugueses e ele está podre.
Eu acho muito interessante a gente estar conversando sobre isso, porque esse debate deveria estar sendo feito pelos juristas, os constitucionalistas, esses homens ilustrados da vida brasileira. Eu não sei por que a Ordem dos Advogados do Brasil não tem coragem de abrir um debate sobre a reforma do Estado.
Acontece, neste momento, em Brasília o Acampamento Terra Livre. Desde 2019 ele não acontecia presencialmente. A ideia era reunir os 305 povos indígenas de todo o país. Dado o contexto do país, esse tende a ser um ato de maior pressão no governo federal?
Olha, a gente não pode se esquecer que o movimento indígena nunca deixou de fazer presença no debate político em Brasília, nem desde 2019 e nem dia nenhum. Não tem uma data para o movimento indígena ir à Brasília. O movimento indígena, a marcha das mulheres sobre Brasília, nunca pararam de ter delegações significativas indígenas em Brasília. A cada ameaça de golpe o povo indígena está em Brasília.
O que nós reclamamos muito é que os outros segmentos da sociedade brasileira acham que esse problema é um problema dos índios com o governo. E não entenderam ainda que o estado brasileiro está sendo assaltado, a vida política do país está sendo dissolvida e os brasileiros ficam assistindo como se fosse um evento extra.
A cada ameaça de golpe o povo indígena está em Brasília.
Até a campanha eleitoral deste ano: as pessoas parecem que estão olhando uma coisa que está acontecendo em outro país. Todos esses jovens de 17 anos, eles deveriam estar assim, mobilizados demais para tirar o título de eleitor. Principalmente nos lugares pobres do nosso país, nos segmentos mais pobres, mais excluídos, as favelas, as quebradas.
Todo mundo tinha que se armar com o título de eleitor e dar um basta, do ponto de vista eleitoral, tão redundante, que não deixasse dúvida a essa direita ignorante de que ela está errada. A gente tinha que tentar fazer isso pela via do que chamam de democracia, para a gente testar nossa capacidade de mobilização.
Vamos ver se nós somos capazes de fazer isso dentro do sistema de representação política que eles acham válido, mas que muitos deles, na maior cara de pau, tentam desmerecer, tentam sacanear, tentam inventar alguma desculpa, tipo [fraudes na] urna eletrônica, ou qualquer outro papo furado. Isso é tudo golpismo, à semelhança dos Estados Unidos, onde o Trump tentou de toda maneira invalidar a eleição. Tem que ser uma votação tão unânime que não dê chance para ninguém vir com conversa fiada.
O plano e a estratégia já estão montados pelo governo federal. Resta à população brasileira demonstrar força para tentar enfraquecê-lo…
Então, mas é admirável que uma coisa tão simples quanto tirar o título de eleitor, pela unanimidade da juventude, e se fazer presente na eleição... É um gesto totalmente civil. Tipo ir à escola. Qual o problema? Por que esses caras todos não tiram os seus títulos de eleitor?
Foi publicada uma pesquisa recente dizendo que só 27% da meninada que está nessa idade é que se mobilizou para tirar o título de eleitor. Cadê os outros 70% deles, que deveriam tirar o título de eleitor? Será que estão achando que está bom? Está bom jovem negro correr na calçada e levar tiro nas costas da Polícia, porque acha que preto correndo na calçada é bandido?
Quando é que essa juventude vai se tocar que os próximos da fila são eles mesmos? A gente sabe que a exclusão incide sobre os não brancos. Se a gente não quiser dar nome aos pretos, aos pardos, aos índios, então vamos dizer: “a exclusão no Brasil se dá em cima de não brancos”. E o que os que não são brancos estão fazendo? Fingindo que não é com eles?
Vão esperar piorar muito mais, a gente virar um Haiti? Eu fico indignado. Eu vi, o [Gilberto] Gil; o Lenine gravou uma chamada para os jovens dizendo: “tira o seu título de eleitor”. Mas eu acho absurdo a gente ter que fazer uma campanha para o cara assumir um direito dele, que é o direito de ser cidadão. Será que a gente banalizou tanto a vida pública no Brasil que a rapaziada acha que nem vale a pena tirar o título de eleitor?
Tem um projeto na Câmara, que teve seu trâmite acelerado pelo presidente Arthur Lira (PP-AL), que coloca em votação nos próximos dias o projeto de liberação do garimpo para indígenas. Uma fachada para abertura geral e irrestrita do garimpo em terras indígenas. Como essas lideranças que estão apoiando esse projeto foram cooptadas pelo bolsonarismo?
Eu não sei se eles foram cooptados pelo bolsonarismo. Quem não conhece a história doméstica do povo indígena, é preciso entender o seguinte: no último censo se reconheceu que tem 305 etnias nesse país. Vamos considerar que mais ou menos mais da metade dessas etnias estão no que a gente chama de Amazônia Legal.
A Amazônia, que pega desde o Maranhão até o Mato Grosso. Não é só lá no Amazonas, como as pessoas imaginam. Porque esses analfabetos nacionais que vivem no sudeste, quando você fala Amazônia, eles pensam que é um conjunto de florestas que tem ali às margens do Rio Amazonas e do Tapajós e pronto. Quem sabe, o Xingu.
São analfabetos do ponto de vista político, não conhecem o país em que vivem, porque senão, iam entender que há uma imensa região chamada Amazônia Legal, que agora estão tentando inclusive, dar um golpe, tirar o Mato Grosso da Amazônia Legal.
[A Amazônia Legal] foi instituída lá na Ditadura para facilitar financiamento do Banco Mundial, para programas de colonização da Amazônia. Então todo mundo queria estar na Amazônia para pegar uma grana. Foi assim que Goiás virou Amazônia, o Maranhão virou Amazônia, porque era um jeito de estar dentro do programão do Banco Mundial, Sudene, Sudam, incentivos fiscais, toda essa pilantragem que levou muita gente do sul a ocupar a região amazônica, com projetos que nunca foram para lugar nenhum, mas que encheram os bolsos de muita gente.
A Europa tem lá algum lugar para garimpar? Não, ela garimpa aqui.
O povo indígena passou por essa moagem nos últimos. Vamos considerar que nos últimos 60 anos. Na Constituinte, quando eu estava lá defendendo o capítulo dos índios, lá fora tinha um lobby indígena brigando comigo, porque eles já queriam que deixasse pelo menos uma licença dizendo que na terra indígena os índios podiam garimpar. Isso lá na Constituinte.
Eu participava de debates com essas pessoas para convencer de que era uma roubada. Eu dizia para eles: "não tem jeito de você fazer um garimpo circunscrito a um igarapé, a uma aldeinha. A hora que descobrirem que lá dentro tem ouro, você vai ser invadido". A gente não tem uma política do Estado brasileiro de real proteção a esses territórios, assim como a gente não tem proteção das unidades de conservação, dos parques nacionais.
Se você liberar atividade garimpeira em unidades de conservação e terras indígenas, que é o que está proposto agora, é uma invasão geral de tudo. Onde tiver minério esses caras vão entrar.
O contraditório que está aparecendo agora e que muita gente não percebe é que as grandes empresas mineradoras não querem que se aprove esse garimpo, por que esse garimpo contraria a hegemonia, o controle que têm as grandes mineradoras, como a Vale do Rio Doce, por exemplo, as outras grandes mineradoras canadenses, australianas, que têm base aqui no Brasil. A Europa tem lá algum lugar para garimpar? Não, ela garimpa aqui.
Então, quando a gente aprovou aquele princípio geral da Constituição, a gente estava contrariando não só o lobby do centrão, a Paranapanema, a Vale do Rio Doce, toda essa pilantragem, a gente também estava contrariando alguns indígenas que queriam ter garimpo. Eles ficaram contidos nos últimos 30 anos.
Agora, eles entraram na forra porque eles viram o Mourão, com aquela conversa fiada dele, dizendo que ele também é índio, que ele quer garimpar: “mim também é garimpeiro”. Inventaram essa malandragem e não dá pra você falar que houve uma cooptação. Não tem jeito de você cooptar quem já tá no baile.
O projeto desenvolvimentista e neodesenvolvimentista brasileiro vem desde os anos 1930 e sempre teve algumas vítimas em comum: os indígenas, os povos ribeirinhos, os povos das florestas e os quilombolas. O senhor costuma escrever bastante sobre o tema do desenvolvimentismo brasileiro. Há saídas para esse desenvolvimentismo do país ser sustentável e que não seja, por exemplo, calcado no consumo desenfreado que marcou os nossos últimos anos?
O que acontece é que, do século 20 para o século 21, houve um evento chamado globalização. E dentro da globalização, o professor Milton Santos já avisava isso, deixa de existir a singularidade das economias, as escolhas. Ninguém escolhe mais nada, nem a China, nem Uganda.
Nós somos uma plataforma planetária, onde o sistema financeiro global atua de maneira livre. Não existem mais estados nacionais, isso é uma balela. A China está construindo uma infraestrutura no litoral da Bahia, na costa da Bahia, que vai botar um dedo ali e vai sugar o que tiver de interesse da China. E não precisa vir cá, a China não precisa vir para o Brasil, ela leva o Brasil para a China.
A gente pode inventar uns programas legais assim, tipo, você quer ir para China? Daqui a pouco eles vão dar passaporte livre, você pode sair diretamente do Pelourinho para Hong Kong. A gente ainda está no século 20 pensando o mundo no século 21.
Eles acham que crescer a economia é desenvolver. Isso não tem nada a ver com desenvolver.
O que acontece é que as economias não têm mais escolhas se elas vão se desenvolver ou não. A Holanda abriu uma discussão há dois anos, no meio da pandemia, porque houve uma reformatação da vida política lá, e eles disseram que não queriam mais avançar no sentido do desenvolvimento econômico. Eles queriam fazer um envolvimento.
A ministra deles anunciou que agora eles estavam interessados no envolvimento, quer dizer, se envolver com a questão climática, se envolver com a questão ambiental, se envolver com a questão da qualidade da vida em vez de continuar aumentando o PIB. Mas os países nanicos são fascinados por crescimento.
Eles acham que crescer a economia é desenvolver. Isso não tem nada a ver com desenvolver. Inclusive porque você cria muita pobreza nos países subdesenvolvidos. Todo o esforço de crescimento deixa para trás um rastro de miséria e destruição que, no caso daqui do Brasil, ficou registrado num livro magnífico que está esquecido nas prateleiras, que tem o título de “O Milagre Brasileiro”, escrito por um cara chamado Shelton Davis, um cara que era consultor do Banco Mundial, que veio para o Brasil para supervisionar os financiamentos do Banco na abertura da Transamazônica e outros babados.
Ele percebeu como o milagre brasileiro produzia miséria. É mais ou menos como uma máquina de moer coisas, ela vai jogando um produto processado de um lado e jogando o resto no fundo que ninguém vê. O fundo que ninguém vê é a pobreza assustadora que cresceu tanto que a gente não consegue sair dessa.
Edição: Felipe Mendes
FONTE: https://www.brasildefato.com.br/2022/04/12/krenak-todo-mundo-deve-se-armar-com-titulo-de-eleitor-e-dar-um-basta-nessa-direita-ignorante
"Somos microcosmos do organismo Terra", lembra Ailton Krenak em seu ativismo socioambiental e indígena
Mineiro de Itabirinha, o líder indígena, ambientalista e pensador Ailton Krenak segue seu ativismo no campo socioambiental, defendendo os direitos indígenas. Organizou a Aliança dos Povos da Floresta, que reúne comunidades ribeirinhas e indígenas na Amazônia, é Doutor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e já escreveu alguns livros, entre eles O Amanhã Não Está à Venda, Ideias para Adiar o Fim do Mundo e A vida não é útil. Em todos eles, o seu tom é de alerta para a destruição do planeta.
Além de defensor contumaz dos direitos indígenas, Ailton Krenak tornou-se uma um crítico implacável da sociedade de consumo e da cultura do descarte. No programa, ele aborda esses temas, ao som de canções do Clube da Esquina (Para Lennon e Mcartney e Paisagem da Janela) e de Owerá (Xondaro Ka'aguy Reguá).
OBS: PODCAST NA PÁGINA ORIGINAL:
FONTE: https://www.camara.leg.br/radio/programas/865855-somos-microcosmos-do-organismo-terra-lembra-ailton-krenak-em-seu-ativismo-socioambiental-e-indigena/
quinta-feira, 7 de abril de 2022
Projeto literário traz Viviane Mosé, Carpinejar e Ailton Krenak a Fortaleza
Leia mais em: https://www.opovo.com.br/vidaearte/2022/04/03/projeto-literario-traz-viviane-mose-carpinejar-e-ailton-krenak-a-fortaleza.html ©2022 Todos os direitos são reservados ao Portal O POVO, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas
Resumo da matéria:
Projeto Literário Diálogos Contemporâneos fará uma série de conversas com autores brasileiros entre os meses de abril e maio deste ano. Os eventos acontecerão presencialmente no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza, a partir de 18/04/22
A participação de Ailton Krenak terá como tema “A cultura do descarte: sociedade de consumo, meio ambiente e o futuro da humanidade”
FONTE: https://www.opovo.com.br/vidaearte/2022/04/03/projeto-literario-traz-viviane-mose-carpinejar-e-ailton-krenak-a-fortaleza.html
sexta-feira, 1 de abril de 2022
Direitos indígenas e a exploração de recursos no Brasil
Seg, 28 de Março de 2022 16:10
Beatriz Herminio
Ailton Krenak. Imagem editada e redimensionada de Produção Cultural no Brasil em Wikimedia Commons, sob a licença CC BY-SA 2.0
Para Artionka Capiberibe, estamos vivendo uma tempestade perfeita no país
Por Beatriz Herminio em IEA – No dia 9 de março, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência na tramitação do projeto de lei (PL) 191/2020, que regulamenta a garimpagem em terras indígenas e a exploração de recursos hídricos e de hidrocarbonetos, como o petróleo, nesses territórios. Para Artionka Capiberibe, antropóloga e professora na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o projeto é consequência de uma mentalidade colonialista, um atributo que não é exclusivo do atual governo, mas de uma política de Estado que se consolidou no Brasil.
Capiberibe participou do evento “A situação indígena e o meio ambiente no Brasil“, que debateu os direitos indígenas no país e o modelo de desenvolvimento que explora recursos ambientais e humanos. O encontro aconteceu no dia 17 de março e foi organizado pela Cátedra Otavio Frias Filho de Estudos em Comunicação, Democracia e Diversidade.
Campo de batalha
Na exposição “A máquina de guerra anti-indígena e o presente/passado colonialista do Brasil”, Capiberibe falou dos instrumentos jurídicos que cercam as terras indígenas, os motivos pelos quais há uma disputa em torno desses territórios e como eles se tornaram um “campo de batalha”.
Estamos vivendo uma espécie de “tempestade perfeita” no país, segundo a professora. Ela explicou que isso acontece quando uma situação desfavorável é agravada por uma “inesperada combinação de circunstâncias”, sendo então transformada em uma catástrofe.
Como exemplo de uma situação desfavorável, citou o ataque aos direitos indígenas em governos democráticos que ocorre desde a promulgação da Constituição de 1988 e que se intensifica com a sucessão de governos federais. Essa situação atinge uma temperatura alta nos governos de Dilma Rousseff. “Isso se deu, por um lado, por conta da política desenvolvimentista que Rousseff herdou dos governos Lula, mas que é também a marca do seu próprio governo. A construção da hidrelétrica de Belo Monte é o símbolo mais expressivo disso. Por outro lado, a temperatura se eleva pelo fortalecimento das bancadas setoriais no Congresso em torno do agronegócio e da mineração.”
Tal situação desfavorável foi agravada pela eleição, em 2018, do atual “presidente anti-indígena” Jair Bolsonaro, segundo Capiberibe. A catástrofe, por fim, seria o que se testemunha atualmente, como “o aumento do desmatamento, a invasão de terras indígenas e de Unidades de Conservação (UCs), a violência no campo, a poluição dos rios, o descaso com a saúde indígena e a fragilização da proteção dos territórios de indígenas em situação de isolamento voluntário”.
Na construção da Constituição de 1988, o capítulo intitulado “Dos índios” comporta os artigos 231, que reconhece aos povos indígenas sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições e o direito originário às terras que ocupam; e o 232, que outorga aos povos indígenas o direito a defender em juízo seus direitos e interesses.
“A garantia da terra e a garantia da autodeterminação que resultam desse capítulo são fundamentais para a existência de um futuro em que os povos indígenas estejam presentes, e são os aspectos que estão no centro dos ataques contra os direitos indígenas”, afirmou Capiberibe. Para ela, esses ataques são movidos por uma concepção de mundo que não enxerga modos de existência que não se adequem a uma exploração do planeta cujo objetivo é transformar a natureza e a força de trabalho humano em recursos monetários.
“O novo ensinar os indígenas a lavrar, plantar, colher e trabalhar é fazer deles mão-de-obra para o agronegócio e resolver o problema da exploração do minério em suas terras”, disse. Sobre o regime de urgência para a tramitação do PL 191, ela acredita que sua aprovação é oportunista, porque foi fundamentada na guerra entre a Rússia e Ucrânia e em um possível desabastecimento de fertilizantes importados do leste europeu. Essa justificativa para explorar as terras indígenas seria um exemplo de “alternativa infernal”, afirmou, em referência à frase da filósofa belga Isabelle Stenger, que diz que “o capitalismo oferece alternativas infernais”.
Segundo a professora, projetos de lei e portarias são criados a todo momento para fazer parte do arsenal de guerra mantido contra os povos indígenas. “A luta para mudar esse cenário parece ter de ser travada na arena política, transformando a representação da população no Legislativo e no Executivo e tornando o Judiciário mais transparente.”
Estado colonial brasileiro
“O Brasil tenta matar o povo indígena há muito tempo, a gente não precisa ter muita delicadeza no trato dessa questão.” Para Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista e escritor, o Estado brasileiro poderia receber um diploma de incompetente na questão do genocídio. Ele acredita que o Estado colonial ainda não foi derrubado.
Exemplos para comprovar sua tese é o que foi feito durante as obras de construção da rodovia Transamazônica nos anos 1970, com impactos sobre o povo waimiri atroari, e ao final da década de 1960, durante o endurecimento da junta militar. Segundo ele, na época, foi autorizado à polícia militar de Minas Gerais treinar indígenas dentro da estrutura policial e colocá-los para atuar na experiência de repressão nas aldeias. “Isso não é uma história do século 19, é a história do século 20”, declarou Krenak.
Para ele, se queremos ter uma ordem social, esta deve nascer da realidade contemporânea, “não pode ser desse Estado colonial arcaico, servilista, submisso, totalmente subordinado a uma razão e a uma lógica colonial”, completou. Ele afirmou que no Chile, o Estado tentou aniquilar o povo Mapuche. Hoje, há uma mulher (Elisa Loncón) desse povo liderando o debate em uma constituição plurinacional que põe em questão o Estado colonial chileno herdado dos colonizadores. Por isso, Krenak promoveu a ideia de “devorar” o Estado colonial, à semelhança do movimento antropofágico, e fundar um Estado a partir da perspectiva de povos plurais.
Ele acredita que, ao pensar os direitos indígenas em conjunto com a crise ambiental, quase fazemos o “jogo colonial”. Segundo Krenak, os direitos indígenas não têm nada a ver com crise ambiental, porque estão inseridos em um Estado que não permite que modos próprios de habitar esse território se expressem, do contrário, sequer chamaríamos os territórios de “meio” ambiente. Nesse sentido, ele também enxerga que a criação de áreas conservadas é feita de acordo com uma gestão financeira da natureza, como um almoxarifado de recursos para serem utilizados no futuro.
O não-lugar
Um estereótipo que permanece até hoje para os indígenas no território brasileiro é o do “não-lugar”. Originado a partir da política do século 20 de “integração à comunhão nacional”, fortemente alavancada no período da ditadura, o termo indica que para ser indigena é necessário viver no meio da floresta e da selva, não usar roupas, não ter celular, etc., afirmou Capiberibe. As palavras do ex-ministro da Justiça Torquato Jardim, em reunião com lideranças indígenas do Mato Grosso do Sul (MS) em 2017, demonstram o recorrente afastamento dos indígenas para o “não-lugar”. “Integração”, para ele, significa inserir indígenas no mercado de trabalho “para serem parte do século 21”.
No Estatuto dos Índios, os indígenas são considerados isolados, integrados ou em vias de integração – um eufemismo para “em vias de dependência”, disse a antropóloga, pois, de acordo com a lei, nesse estágio eles vão necessitando cada vez mais das “práticas e modos de existência comuns aos demais setores da comunhão nacional”. A ideia imposta no estatuto é de que, quando integrados, os indígenas são liberados da tutela do Estado. Para Capiberibe, essa emancipação é uma tentativa de desobrigar o Estado a garantir os direitos indígenas.
Muniz Sodré, titular da cátedra e debatedor do evento, afirmou que ainda há uma colonização interna com projetos genocidas para aqueles a quem foi destinado o não-lugar, os quais Sodré chamou de “ex-territoriais”. “Aqueles que originalmente não têm livros nem edifícios e não puderam, por isso, ser pensados pela esquerda nacional.”
O evento teve moderação de André Chaves de Melo Silva, coordenador acadêmico da Cátedra Otavio Frias Filho, e de Vinicius Mota, secretário de redação da Folha de S.Paulo. O professor e diretor do IEA Guilherme Ary Plonski participou da abertura do evento.
FONTE: https://www.ecycle.com.br/direitos-indigenas-e-a-exploracao-de-recursos-no-brasil/
terça-feira, 15 de março de 2022
Pandemônio na arte
A partir das implicações políticas em seu entorno imediato e da amplificação do abismo social, artistas produzem a primeira leva da arte na pandemia
Juliana MonachesiPUBLICADO EM: 03/03/2022
Março de 2020. Todas as exposições estão fechadas para o público. Todas as exposições que se seguiriam às que estavam em cartaz são adiadas por tempo indeterminado. Abriel de 2020. Editoras disponibilizam livros na íntegra para download gratuito em seus sites. A n-1 Edições publica quase diariamente artigos e ensaios sobre o momento presente sob a rubrica Pandemia Crítica. Ailton Krenak lança O Amanhã Não Está à Venda, livro em que afirma: “Tem muita gente que suspendeu projetos e atividades. As pessoas acham que basta mudar o calendário. Quem está apenas adiando compromissos, como se tudo fosse voltar ao normal, está vivendo no passado. O futuro é aqui e agora, pode não haver o ano que vem”. O músico Travis Scott faz show no Fortnite, com público de 14 milhões, devidamente aferido pela Epic Games.
Maio de 2020. Exposições que se seguiriam às que deveriam ter entrado em cartaz são canceladas definitivamente. Explodem as viewing rooms para realização de mostras on-line. Surgem as primeiras críticas aos VRs e à compulsiva produção de visibilidade no mundo da arte. Brasil é capa do NYT com fotografia de cemitério de covas rasas feito às pressas na Amazônia. George Floyd é assassinado por um policial branco em Minneapolis.
Três meses depois da eclosão da pandemia, grande parte da população mundial tinha duas certezas: isso não vai terminar tão cedo e as catástrofes ambientais e cataclismos sociais anteriores à pandemia só vão piorar. Mais três meses de incertezas se seguiriam até umas poucas exposições reabrirem e os espaços de arte, operando segundo protocolos normalizados em tempo recorde, voltarem a funcionar de forma intermitente, abrindo e fechando de acordo com os índices de contaminação e número de mortes em cada estado. O mundo em alerta, a vida em suspensão, e o que os artistas fizeram nesse semestre “perdido”? O que fariam a seguir, ao menos aqueles que tinham condições de seguir trabalhando? Algumas pistas surgiam em plataformas menos assertivas do que as de VRs ou feiras on-line, focadas exclusivamente em vendas.
Assemblages pandêmicos
Jac Leirner começa a postar algumas esculturas bem-humoradas em sua conta de Instagram. Feitas com os materiais que a artista tinha à mão (o que, aliás, sempre fora seu modus operandi), as assemblages pandêmicas guardavam características antropomórficas, traço pouco comum em construções pregressas. Hoje, olhando com algum “recuo histórico”, Leirner afirma que, “no que concerne ao trabalho”, aquele primeiro semestre “foi um tempo de realização do que já estava encaminhado, na fila, 1a espera de vir a ser. Liberei o free style relativo às coisas todas e quaisquer em um fazer sem-fim. Também cuidei dos espaços onde o trabalho acontece, da fundação aos acabamentos”.
No perfil de Instagram de outro artista brasileiro, este radicado em Londres, também uma série de composições antropomórficas desponta: Alexandre da Cunha posta uma imagem de duas pequenas tigelas emborcadas em panelas, com uma pera entre elas fazendo as vezes de nariz, batatas formando o rosto e uma banana smiley arrematando o retrato cheio de humor e leveza. “Quarentena smiles”, alguém comenta. Outros arranjos se seguem até um post em que um coador com borra de café e dois cogumelos bastam para figurar o mood do momento. Um artista deixa nos comentários a observação: “O grito!” Pergunto também a ele sobre a experiência do início da pandemia: “O início da pandemia nos trouxe um material mágico e simbólico muito potente e, de certa forma, até estimulante, onde todo mundo, de repente, teve de se juntar ao mesmo tempo em torno da ideia da morte. As distrações que sempre nos nutriram e amortecem nossa relação mais essencial com a vida (e com a morte) pararam de forma abrupta, e isso gerou muito desequilíbrio”, pondera Alexandre da Cunha.
A fase seguinte – que, para Da Cunha, é a que estamos vivendo agora – “enfatiza as questões políticas, sociais e éticas e todas as suas discrepâncias no âmbito do coletivo. Individualmente, estamos meio perdidos, solitários, sem muitos acessos para nos conectar de fato com o mundo subjetivo. Mas, como artista, me sinto privilegiado, pois meu trabalho me permite esse acesso, e isso tem sido muito restaurador”. Para Jac Leirner, “o trabalho é fruto de todas as experiências. E, nesse sentido, sim, ele resultou também desse tempo estranho e impositivo”.
Reprodução da vida
Marepe, como Jac Leirner, trabalha sempre e por princípio estático com objetos mundanos, porém estreitou seus laços profundamente com o espaço doméstico durante a pandemia. Ventilaflores (2020) é um dos resultados da experiência do isolamento, assim como a maior parte das obras que o artista baiano apresentou na mostra-solo Aglomerado Mergulho (2021), na sua galeria em São Paulo, a Luisa Strina, no primeiro semestre.
Ao se voltar aos afazeres domésticos que não eram parte de suas preocupações, porque antes tinha ajuda em casa, o artista conta que conheceu um novo lugar. Como se o campo da “reprodução da vida”, para falar com Silvia Federici, das ações historicamente esperadas das mulheres (o oposto disso sendo a “produção”, o trabalho remunerado dos homens), invadindo o cotidiano, transmutasse a casa em sujeito histórico, que indaga a sensibilidade artística sobre um fazer invisível que sustenta o mundo.
Arapuca dos dias
Diego Rimaos também fez seu mergulho no ano e meio em que parte do mundo viveu em pausa. Afeito aos trabalhos de pequenas dimensões e extrema delicadeza, o artista mineiro radicado em São Paulo conta que, com o passar dos dias, viu-se interessado mais e mais em questões do seu mundo interior, como numa autoanálise silenciosa.
Seus projetos abstratos começaram a dar lugar a figurações de um mundo onírico, que espelham a interioridade e geram empatia por causa da experiência compartilhada, como o calendário de 2020 separado do pequeno refúgio feito de madeira, bambu, lã e papel por uma escada instransponível: refugiados em nossas bolhas, 2020 se esvaiu no ar.
A inteligência da natureza
Urs Fischer, conhecido pelas réplicas monumentais de esculturas clássicas em parafina que vão derretendo ao longo de suas exposições, voltou-se para dentro (de si, do ateliê, da casa) durante o isolamento. Lançou a série CHAOS, em abril de 2021, NFTs que consistem na animação de dois objetos mundanos escaneados digitalmente e acoplados um ao outro, num movimento contínuo que mostra a interação entre uma esponja e uma couve-flor, ou entre um hot-dog e um controle remoto, com destaque para a simbiose telúrica entre um abacate e uma pequena vela em forma de Vênus de Willendorf.
Apesar do conte do gritantemente advindo de um convívio cerrado com as coisas da casa, o artista suíço não estabelece uma relação direta entre a série e a pandemia: “O conceito original de usar uma abundância de itens de tipo ‘cotidiano’ em algum formato começou muito antes do lockdown, então eu não diria que foi excessivamente informado pela pandemia”, afirma em entrevista à seLecT por e-mail.
Dois meses depois do lançamento dos NFTs, Fischer realizou em sua galeria, em Londres, a Sadie Coles, uma exposição de pinturas que representam a vista do jardim de seu ateliê, de dentro para fora, mostrando um detalhe de poltrona, fiações, uma pia, uma cadeira. Resultado da pandemia, como são apresentadas no texto de divulgação da mostra, as obras expressam a solidão da casa e do jardim, uma observação dos fluxos e padrões da natureza, e refletem um aumento do tempo passado em casa. “Situados em três fases distintas, os fundos fotográficos dessas novas pinturas vêm de trás fontes diferentes: o exterior da casa e do jardim do artista em Los Angeles; os espaços interiores de casa e estúdio; e instantâneos de um rolo de filme descoberto recentemente
na casa da infância”, lemos na apresentação da expo The Intelligence of Nature.
O segundo ano
Natureza e interiores domésticos povoam a “arte da pandemia”, se é que já se pode falar nesses termos. Para o historiador Rafael Domingues, “talvez a gente precise de um pouco mais de futuro para poder ver em perspectiva”, afirma, em resposta à seLecT durante a última mesa do Seminário do 72o Salão de Abril, em setembro deste ano. Mais longevo e cobiçado evento do calendário de salões nacionais de arte, a mostra cearense deste ano recebeu um número considerável de inscrições que continham obras impregnadas de representações e reflexões sobre o impacto da Covid-19. A atualidade vem sendo marcada por uma suposta volta ao “normal”, com um calendário de exposições que se reorganizou, muitos eventos de arte previstos para 2020 podendo acontecer somente um ano depois.
“A pandemia, enquanto experiência social e individual, foi bastante evidenciada nos trabalhos dos artistas, tanto no conjunto dos inscritos quanto entre aqueles que a gente selecionou”, afirma Luciara Ribeiro, uma das curadoras do Salão de Abril deste ano, em entrevista à seLecT. O escopo de inscritos num evento desse porte funciona como uma amostragem importante para calibrar a percepção da arte atual, sobretudo de artistas mais jovens.
Entre os trabalhos expostos, são emblemáticos os desenhos de Diego de Santos, intitulados Fantasma Hereditário, da série Trilogia Fantasma (2021), feitos sobre as folhas da carteira de trabalho da mãe do artista. “Durante a pandemia, estávamos em casa e, mexendo em coisas guardadas há tempos, encontramos esse documento sem qualquer registro. Decidimos que guardar esse objeto era inútil; tratava-se apenas de papel velho juntando traça”, comentou o artista no seminário do salão. Sobre as folhas soltas da carteira de trabalho, Santos desenhou conchas, que carregam a simbologia da morada, mas também aludem ao termo em inglês shell company, que significa empresa fantasma. “O trabalho de arte em geral envolve um grande investimento com possibilidades muito remotas de retorno financeiro; não existe qualquer tipo de registro formal da atuação de um artista profissional, o que faz pensar em outras ausências, silenciamentos e apagamentos”, conclui.
Luciara Ribeiro relata que ficou bastante tocada pela escolha da carteira de trabalho como suporte para o desenho. “Diego traz uma reflexão sobre esse símbolo – ou você tem esse documento assinado ou não tem –, o que se estende a um aspecto de valorização da sua própria existência dentro da sociedade. Por outro lado, esse documento tem sido apagado, porque existe a carteira digital e também pelas próprias possibilidades de trabalho, cada vez menos aliadas a esse documento, como processo de perda de direitos, o que coloca também uma questão estrutural e histórica, do quanto ainda temos de reparar dentro das políticas públicas sociais e de equidade. Suas obras trazem politização para o campo das artes. A política do olhar e do fazer tem se sobressaído mais, porque não tem como vivenciar a política de retrocessos hoje no Brasil sem nos posicionar.”
Oxigênio (2021), obra da Fernanda Siebra exposta no Salão de Abril, é composta de imagens térmicas produzidas a partir do contato de álcool em concentração de 70% com papel de cupons fiscais. “Assim como o exercício respiratório, o oxigênio propõe pensar sobre o direito à vida que nos vem sendo negado e denunciar a crise sanitária e econômica que atravessa o país”, afirma a artista. Os desenhos surgiram por acaso, da experiência de receber uma compra entregue em casa durante o isolamento e, depois de higienizar as mãos, tocar no cupom fiscal e observar o efeito do contato. Siebra então desenhou bustos, covas, pulmões sobre a coleção de recibos. Para Luciara Ribeiro, a artista constrói “uma espécie de diário pandêmico, propondo uma reflexão sobre quem fica dentro de casa, recebendo aquilo de que precisa para sobreviver e quem está na rua, se arriscando, podendo se contaminar. Os recibos mostram aquilo que ela consumiu durante o período, por isso se torna também um diário, assim como a carteira de trabalho se torna um registro da história de alguém e pode ser usado como um controle. E a artista desenha com o álcool 70%, justamente esse elemento que se tornou de uso cotidiano por causa da pandemia”.
Apesar de tudo
Da mesma natureza de problemáticas que se acentuaram com a pandemia, mas sempre estiveram presentes, é a temática da exposição que a curadora Julia Lima realizou em julho e agosto deste ano na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo. A obra que estampa o convite de Ministério da Solidão, da artista Clarice Cunha, funciona como imagem-síntese da experiência pandêmica. Uma mala de viagem de couro, aparentando desgaste, cheia de tacos de madeira, que aludem ao passado desenvolvimentista e modernizador do Brasil dos anos 1950, encerra uma visão melancólica de uma viagem malsucedida, da qual restou a ruína do projeto da arquitetura brasileira do período. “Por sua gama de cores vivas e soluções alegres, os revestimentos foram elementos marcantes dessa arquitetura. Com o gesto de escolher malas como recipientes desses revestimentos, convido à reflexão sobre a importância do imaginário na preservação dos patrimônios no Brasil”, escreve Clarice Cunha sobre Presente #1 (2019) em post no Instagram divulgando a exposição, texto que termina com a frase: “Feliz em colaborar com este projeto e ser uma artista brasileira, apesar de tudo”.
A curadora conta à seLecT que o projeto da mostra é anterior à pandemia, mas que ganhou contornos de profecia autorrealizável, quando, depois de mudanças de local e também de data, finalmente abriu no espaço do Bom Retiro. “A obra relacional de Anna Costa Silva, por exemplo, em que a artista oferece companhia a quem necessite, começou em 2016 e reunia experiências tão diversas quanto o pedido de um participante para que Anna o acompanhasse na fila do Detran.” Com a eclosão da pandemia, o trabalho Ofereço Companhia (2016) seguiu sendo realizado de forma remota.
“Existe obra mais profética do que Protetor de Proximidade Humana (2018), de Renan Marcondes?”, pergunta Julia Lima. “São dispositivos para ações que o artista desenvolve de modo que dois performers possam dançar valsa juntos, mantendo exatamente 1 metro de distância entre eles.” “O Ministério da Solidão reúne artistas que lidam com esse domínio do afeto diante das ansiedades e melancolias que se impõem coletivamente”, escreve Lima no texto da mostra. “São afirmações da resistência, tanto quanto são defesas incondicionais do desejo de estar junto, do encontro, são respostas às tensões e aos colapsos que temos experimentado crescentemente nos últimos anos, agravadas cada vez mais por uma descida vertiginosa ao abismo. Ainda que muito diferentes entre si, os trabalhos se ancoram e se aterram tanto numa poderosa crença nos gestos íntimos de disrupção, assim como em movimentos coletivos de combate.”
Mães ocultas
A série que Daniela Torrente apresentou este ano no Museu da Imagem e do Som, dentro no programa Nova Fotografia 2020, tem como disparador uma prática de retratistas da era vitoriana que, para conseguir fotografar uma criança, precisavam que a mãe (coberta por um tecido) acalmasse a retratada, aguardando a longa exposição diante do obturador. O dispositivo da foto hidden mother (mãe oculta), deslocado para o século 21, ganha contornos políticos, chamando a atenção para o apagamento da mulher no processo (não remunerado) de reprodução da vida, cuidando da casa e dos filhos. Somando à recontextualização o fator, desconhecido pela artista no momento da produção dos retratos atuais, da vida pandêmica, em que justamente a esfera da vida foi doméstica tornou vítimas de volência muitas mulheres isoladas sob o mesmo teto de seus agressores, Sombra de Vitória (2020) torna-se um retrato pungente do mundo hoje. A expressão de tranquilidade e segurança das crianças no colo das mães faz pensar na fortaleza que são as mulheres, contra todas as adversidades, assim como no mistério arcaico desse amor indizível. Mas a série também alude, por outra infeliz coincidência dos tempos, às afegãs vivendo sob o jugo do Taleban.
Mapa relacional
A preocupação com a violência doméstica foi uma das razões que mobilizaram Gabriela Noujaim a criar, muito provavelmente, uma das imagens mais contundentes da pandemia: a máscara que leva o mapa da América Latina serigrafado em vermelho para o rosto de mulheres de diferentes locais do Brasil, que se engajaram na troca com a artista carioca. Gabriela enviava a serigrafia e recebia de volta selfies das participantes usando a máscara em seus locais de trabalho. O que não estava previsto é que, nas trocas, a artista receberia também testemunhos das mulheres sobre as dificuldades que estavam passando. “A maioria dos relatos mencionava ameaças e agressões, mas chegaram também histórias de superação durante a pandemia”, conta em entrevista à seLecT. As fotografias e as histórias tornaram-se um livro de artista, intitulado
Latinamerica 2020, exposto pela primeira vez este ano na Galeria Simone Cadinelli, no Rio de Janeiro. No segundo semestre, em mostra-solo no Museu Nacional da República, em Brasília, Noujaim distribuiu algumas serigrafias entre artistas da cidade, e o símbolo foi parar em manifestação em frente ao Ministério da Saúde. “O trabalho é relacional e vai ganhando seu fluxo."
FONTE: https://www.select.art.br/pandemonio-na-arte/
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