quarta-feira, 8 de maio de 2013
Líder indígena vê influência das tabas de Tom Jobim a Sepultura
Ambientalista, líder indígena, ex-deputado federal, coordenador da Rede Povos da Floresta, Ailton Krenak é um dos principais articuladores dos direitos indígenas. E para ele, é preciso fazer uma reparação histórica, não apenas do genocídio pelo qual os primeiros brasileiros foram submetidos - e ainda são- , mas também em relação à influência e a presença da música indígena em nossa canção, da bossa nova de Tom Jobim ao metal do Sepultura.
"Os pesquisadores como Anthony Seeger, Marlui Miranda e mesmo Roquete Pinto insistem que a base da criação da chamada música popular brasileira ou cancioneiro brasileiro é feita de índio, branco e negro, sem que tenha de ser percebido nesta ordem, claro! Uns tons de negro mais carregado chegam primeiro aos ouvidos que depois de afinados são também alcançados pelos timbres vindos de debaixo do chão, como diz o mestre (Gilberto) Gil, de onde vem o xaxado? vem debaixo do barro do chão... Bené Fonteles, Marlui Miranda, Caetano Veloso e Sepultura, todos, e Tom Jobim, também cantam este timbre vindo das tabas indígenas", defende o líder, que protagonizou uma cena marcante no Congresso Nacional, quando se pintou o rosto com tinta preta de jenipapo, nos anos 80.
Krenak afirma que na cultura indígena, a música e rito, são cantos de guerra, de caçadas rituais "onde são evocados os espíritos dos animais a serem caçados,assim como é cantado o nome dos inimigos que serão guerreados".
"São cantos de cura, onde a palavra cantada é medicina poderosa e veículo de trânsito entre o visível e outros mundos ou paisagens. Músicos como Milton Nascimento e Peter Gabriel já exploraram áreas da sonoridade-musicalidade indígenas em seus trabalhos que alcançaram ótima aceitação de público dando a eles um Grammy na década de 90", aponta.
O líder indígena também lembra da parceria entre Egberto Gismonti e o pajé Sapaín. "Mesmo outros músicos e bandas contemporâneas seguem descobrindo novas sonoridades naquilo que podemos ouvir como música de 'índios'. Egberto Gismonti fez um memorável disco intitulado Sol do Meio Dia com o pajé Sapaím no Xingu, que até hoje continua sendo um marco no diálogo entre as tradições musicais modernas", afirma.
Entre suas preferências particulares, de músicos não-indígenas, Krenak destaca Tom Jobim, compositor e maestro que antecipou as preocupações com temas ambientais, quando o assunto não era recorrente, e Caetano. "Muitas músicas que falam explicitamente de 'índio' me agradam, mas Borzeguim do Tom Jobim é minha preferida sempre e de longe. Tem a canção mágica Um Indio do Caetano, enfim músicas que tem uma poética direta falando de índio são a parte visível da coisa toda, que tem raízes profundas muita além das letras e poesia. (Heitor) Villa-Lobos é coisa de índio, assim como a obra de Tom Jobim foi insistente canção indígena dentro da bossa nova, que todos dizem que tem jazz nas suas origens. Vai dormir com um barulho destes vindo de debaixo do chão", provoca.
FONTE:http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/musica/2013/04/26/324607-lider-indigena-ve-influencia-das-tabas-de-tom-jobim-a-sepultura
27/04/2013 08h24 • Fabiano Alcântara
terça-feira, 16 de abril de 2013
Lideranças indígenas participam do Fórum Social Mundial na Tunísia
Na foto: As lideranças indígenas Ailton Krenak, o tradutor Luiz Guilherme, Tom Goldtooth e Biraci Brasil, do povo yawánawá.
Eles defenderam o uso tradicional das medicinas ancestrais como forma de autodeterminação dos povos.
Ricardo Moebus*
Terminou no último dia 30 de março o Fórum Social Mundial 2013, o primeiro realizado em terras do mundo árabe, na Tunísia, em sua capital Tunis, onde há dois anos atrás deflagrou-se a revolução que deu origem à chamada primavera árabe de 2011.
Esse Fórum, como era de se esperar, teve presença massiva e preponderante em seus debates da temática islâmica, em especial da luta pelo reconhecimento e respeito pelos territórios da Palestina..
Mas houve espaço também para inumeráveis outras temáticas, em aproximadamente mil atividades auto gestionadas por centenas de organizações de todo o mundo. E, dentre essas, teve lugar o debate acerca do exercício das Medicinas Tradicionais como parte integrante e indispensável do direito à auto determinação dos povos originários, autóctones, indígenas.
Esse debate foi proposto pela organização não-governamental Primatas da Montanha, ONG PRIMO, com a participação do cacique Biraci Brasil Yawanawa do estado do Acre, da liderança indígena Ailton Krenak do estado de Minas Gerais e da liderança indígena norte americana Tom Goldtooth.
Tom Goldtooth estava no Fórum Social em campanha mundial contra a implantacao do sistema REED, que vem impedindo as comunidades que aderiram a esse sistema de fazerem o uso tradicional de seus recursos naturais dentro de suas próprias florestas.
Tom esteve com as lideranças indígenas brasileiras Biraci e Ailton, e aderiu ao debate sobre o direito de exercício das Medicinas Tradicionais.
O debate representou uma oportunidade única dentro do Fórum Social Mundial de apresentação das Medicinas Tradicionais também como uma proposta política de efetiva defesa dos modos de vida originários, com autonomia, com acesso, uso sustentável e preservação dos recursos naturais que compõem essas Medicinas Tradicionais.
O debate também marcou historicamente o lançamento internacional da proposta de uma Rede Mundial de Medicinas Multiculturais – Rede 3M, que seguirá sendo articulada a partir das experiências brasileiras e ameríndias.
* Ricardo Moebus é autor do livro “Psico Trópicos” que trata do uso tradicional dos denominados enteógenos ou plantas de conhecimento.
VÍDEOS NO SITE: http://www.fechos.org.br/
FONTE: http://www.juruaonline.com.br/cidades/liderancas-indigenas-participam-do-forum-social-mundial-na-tunisia/
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